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Edvard Munch: “o grito” é um registro de sua trágica vida

Utilizando as releituras como um subterfúgio, para também trazer a trajetória de vida dos artistas que compõem nossa história da arte e as dificuldades que tiveram que enfrentar para se realizarem como seres humanos. Edvard Munch é o nono a ser apresentado neste projeto e de vida mais trágica até aqui. Talvez empate com Van Gogh, que será o próximo. Como estou diante de crianças e adolescentes em situação de albergagem emergencial pela Fasc, por situações traumáticas vivenciadas, acho que acertei o método. pois os que permanecem, de uma semana para outra, já me recebem perguntando de quem será a oficina daquele dia.

Claro que se identificam com os artistas, mas estes se refugiaram em seus desenhos e pinturas para resistirem. E neste momento apresento suas obras e técnicas, para serem experimentadas por todos, em suas releituras, onde são livres para colocarem suas cores e seus elementos.

O norueguês Edvard Munch (1863-1944) foi uma criança muito doente e esta fragilidade o acompanhou sempre. Filho de um médico fanático religioso, ora afetuoso, ora colérico. Com cinco anos sua mãe morre de tuberculose. Se afeiçoa a sua irmã mais velha, que também morre de tuberculose aos 15 anos. Sua irmã menor é esquizofrênica e vai passar a vida num asilo. Muito doente passava períodos sem ir a aula. Seus colegas é que traziam os temas para fazer. Mas alguns colégios o expulsaram por faltas. Tudo isto era motivo para retraduzir em desenhos. Sua tia, vendo que sua única alegria era esta atividade, o matriculou em uma escola de desenho. Logo sua arte é reconhecida e ganha vários prêmios para estágio nos maiores centros culturais do mundo, Paris, Berlim, Roma, por exemplo. Onde entra em contato com os expoentes artistas do momento. Se radica um período na Alemanha, que lhe concedem um grande prêmio e neste mesmo ano, sua outra irmão, recém casada morre. E Hitler vai considerar sua obra “degenerada”e a retira dos museus, galerias e exposições. É acometido por um ataque de pânico, que deteriora ainda mais sua saúde física, e refugia-se em seu próprio país, internado para um prolongado tratamento. Retoma a pintura, mais colorida no final de seus oitenta anos de vida. Nada o impediu de pintar mais de mil obras e se transformar num dos grandes artistas mundiais. Hoje tem sua esfinge na cédula de dinheiro de seu país e, em 2012, uma de suas versões do “O Grito”, pastel oleoso sobre cartão, foi vendido por 119,5 milhões de dólares. Reconhecido e muito admirado não só por sua obra, mas pela força e perseverança de ultrapassar seus obstáculos para ter o que sempre quis: sua obra respeitada e reconhecida.

Claro que a obra escolhida foram as várias versões de “O Grito”! Levei uma moldura e todos puderam emprestar seus corpos e vozes, nas suas reinterpretações desta obra-personagem, como o menino da foto. Tinham que pensar em algo que gostariam de tirar de si e gritar. O início trágico deste exercício teatral, terminava numa grande gargalhada de alívio. E depois também posaram, com suas obras, dentro da moldura. Uma lindeza só, que não posso mostrar aqui, mas eles receberão as fotos, no próxima oficina, para sempre lembrarem que nossas vidas nós temos que conquistar, como Edvard Munch conquistou a dele. E com o meu forte abraço final, pelo lindo trabalho realizado por todos os treze participantes, entre três e dezessete anos, repartidos ou no chão, ou na mesa ou no sofá, num espaço pequeno, mas não foi impeditivo, pelo afinco com que todos tiveram neste dia. Aliás a palavra afinco também cabe ao artista relido.

Artinclusão é realizado no AR7, graças ao Prêmio Fumproarte Smc II, que o patrocina

 

 

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