Morre Dalmo de Abreu Dallari. Faculdade de Direito perde parte de sua história

É com extremo pesar que a Faculdade de Direito da Universidade de São Paulo comunica o falecimento de seu Professor Emérito e Diretor, de 1986 a 1990, Dalmo de Abreu Dallari, nesta sexta-feira (08/04). O velório ocorre nesta tarde, no Salão Nobre da Faculdade de Direito da USP.
Para o diretor da FDUSP, professor Celso Fernandes Campilongo, a Faculdade do Largo de São Francisco perde parte de sua história. “Perdemos um grande amigo. Dalmo sempre se dedicou a fazer o bem. Um defensor dos Direitos Humanos. Ele dizia, constantemente, que a construção desses direitos deveria iniciar desde cedo. Somente assim as pessoas poderiam ter consciência do que é ser solidário e fraterno”, assinala.
Antigo diretor (2018/2022), Floriano de Azevedo Marques Neto, ressalta o significado do professor Dalmo para a História do País. “Perdemos hoje mais do que um professor sênior querido por todos e todas. A Faculdade perdeu um líder e um formador de gerações de docentes e discentes. O país perde um expoente da Democracia. Eu, pessoalmente, perco meu orientador, um amigo e uma referência em tudo que fiz e faço na minha vida. Alenta-nos o fato de que a partida do professor Dalmo Dallari não apaga o lugar histórico que ele tem e seguirá tendo nas Arcadas e na cena nacional”, diz.
Orientando de Dallari na Pós-Graduação, o ministro Alexandre de Moraes, lamentou a perda. “A Democracia e os Direitos Fundamentais perderam hoje um de seus maiores defensores. Com inteligência, coragem e sabedoria, Dalmo Dallari foi um exemplo para gerações de professores e estudantes. Tive a honra de ser seu aluno e orientando na USP. Meus sentimentos à sua família”, ressaltou.
“Referência da Teoria do Estado, Dalmo Dallari pensou e defendeu um Estado democrático e plural. Professor Titular, Diretor da Faculdade e Professor Emérito, deixa legado e exemplo luminosos. Expresso à família do Prof. Dalmo os meus sentimentos”, acrescentou o professor José Levi Mello do Amaral Júnior.
É pai dos professores da Universidade de São Paulo, Maria Paula Dallari Bucci (DES-FDUSP) e Pedro Dallari (diretor do Instituto de Relações Internacionais da USP), frutos de seu primeiro casamento. Atualmente, estava casado com Sueli Dallari, que foi professora da Faculdade de Saúde Pública da USP e também é formada na São Francisco, em 1980.
Dalmo era amado por seus amigos de docência e alunos. Nos bancos das salas de aula transmitia seu saber com seriedade, de forma que todos, tanto na Graduação quanto na Pós-Graduação, adquirissem o conhecimento com mais facilidade.
Em uma de suas últimas entrevistas acentuou que o Brasil sofre com grande parcela de discriminações e de um peso social. Mas sempre acreditou na possibilidade de mudanças efetivas. “Felizmente, está aumentando no Brasil o número de pessoas que tem essa consciência de direitos e que tem respeito pelos direitos pessoais. Estamos no bom caminho”, costumava dizer.
Em 1996, tornou-se professor catedrático da Unesco na cadeira de Educação para a Paz, Direitos Humanos e Democracia e Tolerância, criada na Universidade de São Paulo.
Seu trabalho em prol da cidadania ganha destaque ainda mais ampliado na luta pelo resgate do Estado de Direito Brasileiro e pela preservação da democracia, especialmente duramente e após a reconquista democrática, com a Constituição de 1988.
As marcas mais fortes desse caminho estão registradas logo após o golpe de 1964, quando passou a fazer oposição ao regime militar. Nessa construção, a partir de 1972, ajudou a organizar a Comissão Pontifícia de Justiça e Paz da Arquidiocese de São Paulo, ativa na defesa dos direitos humanos.

Da Academia ao pioneirismo
Como marcas de sua gestão de diretor na SanFran, o jurista foi precursor na construção do prédio anexo à Faculdade.
Na história, são diversas as publicações a enriquecer sua trajetória. Entre suas principais obras, destaca-se “Elementos de Teoria Geral do Estado”. Em 2001, publicou obra pioneira acerca de “Perspectivas do Estado para o futuro, O Futuro do Estado”, em que trata do conceito de Estado mundial, do mundo sem Estados, dos chamados Superestados e dos múltiplos Estados do Bem-Estar.
Atuou também na vida pública. De agosto de 1990 a dezembro de 1992, por exemplo, foi Secretário dos Negócios Jurídicos da Prefeitura do Município de São Paulo.
Entre várias láureas recebidas na carreira está o Prêmio Juca Pato, em 1980, concedido anualmente em São Paulo pela União Brasileira de Escritores.

Alma Mater
Formou-se em Direito pela Universidade de São Paulo em 1957. Foi aprovado, em 1963, no concurso para livre-docente em Teoria Geral do Estado na FDUSP. No ano seguinte passou a integrar o corpo docente da universidade.
Em 1974, venceu o concurso de títulos e provas para professor titular de Teoria Geral do Estado.

Fonte Kaco Bovi Assessoria de Comunicação da FDUSP

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