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Monotipias com Kandinsky e Manabu Mabe

Por Aloizio Pedersen, artista plástico, idealizador e coordenador do Projeto Artinclusão.

A 20ª oficina foi para apresentar estes dois grandes artistas, com suas vidas e obras, e suas trajetórias até serem reconhecidos, são lições de vidas e de superações para qualquer pessoa. Perseguiram seus sonhos até os concretizarem. Kandinsky (1866-1944) saiu fugido de seu país, Rússia, foi para a Alemanha, como foi perseguido por Hitler, refugiou-se na França e pintou, através de manchas, decodificando suas cores em emoções, a morte de seus grandes amigos na Primeira Guerra Mundial.
Já Manabu (1924-1997) veio com sua família do Japão para as plantações de café, em São Paulo, tinha cinco anos e uma vida semelhante aos escravos. Sempre desenhou e logo improvisou um rústico atelier, em meio às plantações, para, nas poucas horas de folga se exercitar no desenho e pintura. Aos vinte e quatro anos foi aceito na Bienal de São Paulo e poucos anos depois, foi considerado um dos maiores pintores do país.

Estes relatos sempre ecoam muito positivamente nos adolescentes no Abrigo de Passagem AR7, para quem foi dirigida esta oficina. Estão ali por algo emergencial que ocorreu em suas vidas, geralmente consequências da vulnerabilidade social.

Escolheram, em duplas, as imagens dos referidos artistas para se basearem e analisarem, observarem os matizes, identificaram as cores complementares utilizadas e pegaram as tintas para iniciarem o processo da monotipia, o tipo mais simples de impressão. Fazem a montagem da tinta em uma tela e depois sobrepõem a esta a outra tela para copiarem. Ambas já com a mesma base pintada em cor única! Ao invés de pincéis, espátulas. Envolve muita observação minuciosa, não para copiar, mas associar os matizes como os artistas o fizeram, ampliando o senso de equilíbrio e estético, tanto a nível individual, quanto do grupo. Pois todos acompanharam os trabalhos executados pelas outras duplas e, ao final, exercitaram juntos as telas maiores, de 1.20 x 70, resultando numa obra de díptica de 2.40 x 70, que estará na exposição e, 12.11, às 15h, no Paçp dos Açorianos, Praça Montevidéu, 10 (Prefeitura Municipal).

Confiram os resultados. Eles ficaram muito orgulhosos! Só diziam: – Nunca imaginei!; – Esta técnica não conhecia!; – Pensei que não seríamos capazes!: – Nossa! Uma parece borboleta, a outra tem vários bichos, a outra uma orquídea! – Nunca mais vou esquecer, me deu felicidade fazer isto!
Este exercício protagonista tem uma força muito grande nas re-significações necessárias em suas vidas, ao mesmo tempo que é uma iniciação profissional, especialmente por prepará-los para o trabalho em equipe. E depois este exercício pictórico abrange web designer, publicidade/propaganda, moda, arquitetura, engenharia, decoração de interiores, artes visuais, terapia ocupacional, arteterapia, psicologia e por aí vai.


Sempre muito surpreso com os resultados, pela magia inimaginável da arte e pelo potencial de humanidade que ela atinge em cada um que lida com ela.
E agradecido a Kandinsky e Manabu Mabe pela exuberância e profundeza de suas obras. Minha eterna admiração!
Artinclusão no AR7 é uma promoção Fumproarte/Prefeitura Municipal, e vai até janeiro de 2020.

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