Coluna Latinitudes

A Coluna Latinitudes convida a jurista brasileira Larissa Tomazoni, que possui diversos artigos publicados sobre Direitos Humanos, em especial relacionados às questões de gênero. Nesta ocasião, tratamos sobre alguns questionamentos sobre a mutilação genital feminina na América Latina. Fica desde já, o agradecimento pela colaboração.
1. Tem-se registros de MGF no continente Americano em contextos sociológicos bem distintos, como é o caso dos puritanos nos USA e de povos indígenas Amazônicos. Na sua visão, isto impacta de que forma no paradigma de que a prática é precipuamente um costume Africano e/ou Islâmico?
Eu não conheço nenhuma lei ou política pública no Brasil nesse sentido, mas é possível aplicar a legislação que já temos aqui e os tratados internacionais ratificados. Mas penso que é algo que devemos começar a pensar e implantar. Nos últimos anos o nosso país recebeu imigrantes de diversas partes do mundo, principalmente da África, Caribe e Oriente Médio. Junto com os imigrantes vêm os seus costumes, por óbvio, imigrantes provenientes de países em que se pratica a MGF poderão praticar aqui no Brasil, pois, dificilmente as práticas culturais são deixadas de lado mesmo em contextos migratórios. Portugal e Estados Unidos têm leis específicas para aqueles que praticarem a MGF em seu território, mesmo que os envolvidos não sejam nacionais desses países.
3. Percebe-se no ativismo que a grande maioria das mulheres que hoje são vozes dos movimentos contra a MGF já passaram pelo processo. Na sua opinião, o que falta para que as pessoas, especialmente as mulheres, por óbvio, alheias à esta realidade passem a compor o engajamento, como acontece no caso, por exemplo, das questões relacionadas ao aborto, ao combate da violência doméstica e a equiparação de salários?
Acredito que na maioria dos casos trata-se de falta conhecimento da existência dessa prática. Não apenas das mulheres, mas de todos os seres humanos, pois, essa é uma questão humana. A violação aos corpos, o tratamento cruel e degradante ao qual são submetidas deve deixar todos e todas em estado de alerta. Qualquer violação de direitos humanos deve ser objeto de debate, entretanto, há que se fazer isso com respeito a essas mulheres, a partir de um debate horizontal sem querer impor determinadas visões ou soluções, mas sim acreditando no potencial transformador das próprias mulheres. Um bom exemplo do poder feminino para a superação de problemas é o caso da Colômbia. A MGF nesse país foi erradicada graças as próprias mulheres! É necessário fortalecer a capacidade combativa das mulheres em todos os cantos do globo.
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Olivia Ricarte é Articulista do Estado de Direito. Servidora pública em Boa Vista-RR. Bacharel em Direito pela UNIFENAS/MG, foi bolsista do CNPQ em programa de iniciação científica. Foi advogada, é ex membro da comissão da mulher da OAB/RR. É especialista em Direito Constitucional pela Escola Superior de Direito Constitucional e em Filosofia e Direitos Humanos pela PUC. Integrou a Câmara de mediação e arbitragem Sensatus/DF. É graduanda em ciências sociais pela UFRR, é presidente regional da Rede Internacional de Excelência Jurídica. É coautora da obra “juristas do mundo”, lançada em 2017 em Sevilha, Espanha. Foi condecorada com as medalhas de mérito pela contribuição a ciência pelas universidades de Bari, na Itália e Porto, de Portugal. |
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