A menção ao presidente interino Michel Temer na delação da Odebrecht no âmbito da Operação Lava Jato deveria levar o Senado a suspender o processo de impeachment de Dilma Rousseff, disse nesta segunda-feira (8) em Plenário o senador Lindbergh Farias (PT-RJ). Preso, o empreiteiro Marcelo Odebrecht tenta uma delação premiada. E de acordo com informações veiculadas pela imprensa neste fim de semana, Temer teria tratado pessoalmente com ele sobre a liberação de recursos provenientes de propina.
Lindbergh lembrou ser esta segunda vez que Temer é mencionado. Ele foi citado também na delação do ex-senador e ex-diretor da Transpetro Sérgio Machado, segundo o qual teria conversado com Temer sobre doações eleitorais. Agora, disse Lindbergh, Temer seria acusado de negociar com Odebrecht no Palácio do Jaburu, com a presença também de Eliseu Padilha, hoje ministro da Casa Civil.
— E daí saíram R$10 milhões em caixa dois. Mais grave: R$ 10 milhões em dinheiro vivo. R$ 6 milhões para campanha do [Paulo] Skaf e R$ 4 milhões entregues a Eliseu Padilha. Aqui não dá nem para dizer que foi caixa dois de campanha eleitoral. Dinheiro para Eliseu Padilha. Essas denúncias são gravíssimas — afirmou Lindbergh, lembrando que o ministro das Relações Exteriores, José Serra, também seria acusado por Odebrecht de receber R$ 23 milhões
Para Lindbergh, além da suspensão do processo de impeachment no Senado, os dois ministros deveriam ser afastados de seus cargos e investigados:
— Porque não pode ter investigação só seletiva contra gente do PT. Nós queremos investigação. Nós não estamos aqui fazendo pré-julgamento. Agora, sinceramente, se Romero Jucá, porque apareceu em delações, teve que pedir afastamento, qual a diferença pro ministro Serra e pro ministro Eliseu Padilha. Têm que ser investigados.
Lindbergh se referiu à saída do então ministro do Planejamento Romero Jucá, ainda no início do governo Temer, devido a denúncias de que ele teria sugerido um pacto para paralisar a Operação Lava Jato.
Fonte: Agência Senado