Grupo acampado em área privada acatou ordem e prometeu sair sem confusão do trecho na rodovia
A Justiça decretou o despejo das famílias de sem-terra que estavam acampadas em uma área privada localizada às margens da rodovia BR-163, em Campo Grande. Na manhã de ontem, oficiais de justiça, acompanhados da Polícia Militar, estiveram no local para informar o grupo a respeito da ordem.
A decisão foi expedida pelo juiz Marcelo Andrade Campos Silva, da 16ª Vara Cível, a pedido da empresa América Latina Logística (ALL), que possui uma linha férrea nas imediações. A área também é de concessão da CCR MS Via, que desde abril deste detém o domínio. Apesar da presença da PM, houve consenso entre a Justiça e os acampados. Os sem-terra garantiram que deixariam a região sem causar qualquer problema.
Eles estão vinculados ao Movimento da Agricultura Familiar e se instalaram às margens da rodovia com o objetivo de tentar aumentar a pressão sobre o Governo, para que haja a desapropriação de terras para assentá-los.
Antes, eles estavam em um terreno próximo ao Estabelecimento Penal Agroindustrial da Gameleira, na BR-262, saída para Aquidauana. Lá eles tinham até água e energia elétrica, mas reclamavam do excesso de lama.
O acampamento que tinha aproximadamente 600 pessoas ganhou bastante repercussão na imprensa da Capital porque, praticamente todo barraco possuía um automóvel de modelos como Voyage, Uno, Punto e outros populares. De acordo com Rodionei Merlin, 40 anos, um dos coordenadores do Movimento da Agricultura Familiar (MAF), isso não é motivo para espanto.
“Todos trabalham e estamos no século XXI, telefone celular e carro são indispensáveis”, disse. A Página do MAF no Facebook tem mais de cinco mil seguidores.
Segundo Rodionei, o movimento está presente, além de Campo Grande, nas cidades de Anastácio, Jardim, Nova Alvorada do Sul. O objetivo, segundo ele, é chamar a atenção da população para as questões da reforma agrária.
“Em dezembro tivemos um reunião com o governador, que nos prometeu, pra junho ou julho, terras para sairmos da Gameleira. Também a ajuda da Agraer (Agência de Desenvolvimento Agrário e Extensão Rural), mas nada aconteceu”, relatou Rodionei.
Fonte: http://www.progresso.com.br/