Pela segunda vez, em 73 anos da entidade, uma mulher chega ao cargo
A posse da juíza Vera Deboni na presidência da Associação dos Juízes do Rio Grande do Sul, nesta quinta-feira (1º/2), coloca, pela segunda vez em 73 anos de existência da Ajuris, uma mulher no comando da entidade. O mandato, sucedendo a Gilberto Schäfer, é para o biênio 2018/19.
Juíza da Infância e Juventude nas duas últimas décadas, Vera chega ao cargo 12 anos depois da ascensão da primeira representante feminina, Denise Oliveira Cezar, que presidiu a associação dos magistrados estaduais gaúchos no período 2006/07 – 62 anos após a fundação da entidade, em 1944.
Denise foi a 30ª presidente da entidade e Vera será a 35ª – com a diferença de que venceu uma oponente na primeira vez em que duas magistradas disputaram eleição na Ajuris, em dezembro passado. Os intervalos de tempo que Denise, a precursora, e Vera levaram para chegar ao poder demonstram o avanço das mulheres na magistratura. O primeiro interregno foi longo e boa parte dele transcorrido numa época em que a magistratura era de domínio masculino; o segundo, curto, já conta com duas presidentes no topo da entidade da classe.
Quando ingressou na magistratura, em 1987, a nova presidente da Ajuris integrava um contingente feminino de menos de um quarto do total de membros do Judiciário estadual. Agora mais da metade (52%) do 1º grau da Justiça é ocupado por juízas. No 2º grau (TJRS), os homens ainda são maioria: 99 desembargadores contra 40 desembargadoras. No cômputo geral do Judiciário, há 417 magistrados (51%) e 396 magistradas (49%).
A diretoria Executiva, tendo Vera à frente, também revela o equilíbrio de gênero. O colegiado é composto por Orlando Faccini Neto (vice-presidente Administrativo), Cristiano Vilhalba Flores (vice-presidente de Patrimônio e Finanças), Madgéli Frantz Machado (vice-presidente Cultural), Patrícia Antunes Laydner (vice-presidente Social) e Felipe Rauen Filho (vice-presidente de Aposentados). A última pasta foi criada para a gestão que se inicia.
Espaço a conquistar
A dirigente acredita que de modo geral as mulheres ainda têm muito espaço para conquistar no mercado de trabalho, quantativa e qualitativamente. “Acho que hoje há muito mais espaço a conquistar na esfera privada do que na pública. Se ainda há resistência às mulheres, e entendo que há, é muito mais na área privada, para os cargos de maior importância. Como a esfera pública é composta de carreiras, que são estruturadas a partir de concursos, há uma entrada democratizada do gênero”, diz.
Além da defesa da magistratura, cujas prerrogativas defende como forma de os juízes atuarem com independência frente à política e ao poder econômico, Vera preocupa-se com a questão social e a diminuição da presença do Estado nas áreas carentes. “Isso traz como consequência um aumento do envolvimento de jovens com a criminalidade. A família vulnerável necessita de aporte. A criança precisa de escola, espaços de lazer e de segurança e ser educada para ter valores e caráter”, declara a juíza.
Formação
Vera, de 57 anos, é natural de Chapecó (SC) e formou-se em Direito, em 1984, pela Universidade Federal de Santa Maria (UFSM). Foi pretora entre 1987 e 1990, quando assumiu como juíza de Direito. Jurisdicionou as Comarcas de Tupanciretã (pretora), Santo Ângelo, Três de Maio, Santa Maria e Porto Alegre.
Na Ajuris, além do atual cargo de vice-presidente Administrativa, já foi vice-presidente Cultural, diretora da Sede Campestre, presidente do Conselho Deliberativo e diretora do Departamento de Coordenação de Processos Judiciais. A magistrada também foi juíza auxiliar da Presidência do Conselho Nacional de Justiça (CNJ), tendo atuado no programa Justiça ao Jovem. Durante dez anos foi professora universitária e atualmente integra o corpo docente da Escola da Ajuris.
SERVIÇO:
O quê: Posse da juíza Vera Lúcia Deboni na presidência da Associação dos Juízes do Rio Grande do Sul (Ajuris)
Quando: Quinta-feira (1º/2), às 17h30
Local: Auditório do Foro Central II, Rua Manoelito de Ornellas, 50, Bairro Praia de Belas, Porto Alegre
Fonte: Ajuris