Os seis documentários sobre o golpe civil-militar de 1964 que serão exibidos de 17 a 23 de outubro, no Cinebancários, em Porto Alegre, irão proporcionar compreensão sobre a ditadura que se instalou no Brasil para torturar, matar e perseguir adversários políticos. “Esse conhecimento é essencial para identificar o perigo da tutela militar que ainda persiste no Brasil”, ressalta Jair Krischke, presidente do Movimento de Justiça e Direitos Humanos – MJDH, que promove a mostra Memórias do Golpe junto com a Associação de Ex-presos e Perseguidos Políticos/RS e a parceria do CineBancários.
Krischke sustenta que especialmente os jovens precisam saber o que foi o terror de estado que há 60 anos se implantava no Brasil. Aponta que é uma grave falha da geração de “cabelos grisalhos” não ter conseguido passar aos jovens a realidade que assombrou o país.
O presidente do MJDH alerta que, no mundo, o fascismo volta a se manifestar quando “o Brasil ainda deve devolver às famílias os corpos dos desaparecidos pelos militares, e precisa responsabilizar por cumplicidade as empresas que financiaram e participaram de torturas e perseguições. Inclusive empresa gaúcha”.
Em seis documentários dos diretores Sílvio Tendler, Pedro Isaias Lucas Ferreira, Paulo Henrique Fontenelle e Camilo Tavares, a Mostra Memórias do Golpe traz a visão dos perseguidos e dos que combateram a ditadura.
No dia, 23/10, dia da exibição do documentário “O dia que durou 21 anos”, o MJDH fará uma homenagem ao pai do cineasta Camilo Tavares, o jornalista Flávio Tavares.
Graduado em Direito, Tavares exerceu profissionalmente o Jornalismo. Atuou na editoria de Política do jornal Última Hora, em Porto Alegre. Como correspondente trabalhou para o diário mexicano Excelsior e o jornal O Estado de S. Paulo. Durante a ditadura, foi preso em 1964, depois em 1967, quando foi libertado por um habeas corpus aprovado no Supremo Tribunal Federal. Ingressou na resistência armada, e foi preso novamente em 1969, sofreu torturas e fez parte do grupo de 15 presos políticos trocados pelo embaixador dos Estados Unidos, Charles Elbrick, que havia sido sequestrado.
Em 1977, Flávio foi sequestrado por militares uruguaios quando estava em Montevidéu para contratar um advogado para outro colega jornalista do Excelsior. Permaneceu preso por 195 dias, sendo vítima de torturas físicas e psicológicas. Foi libertado depois que uma campanha internacional pressionou o governo brasileiro, que acabou pedindo a sua libertação às autoridades uruguaias. Ainda assim, ele não podia voltar ao país porque havia sido banido em 1969. Em janeiro de 1978, foi expulso do Uruguai e recebeu asilo em Portugal. Retornou ao Brasil em 1979, com a anistia política. Flávio foi um dos fundadores da Universidade Federal de Brasília (UnB) e autor de livros como Memórias do esquecimento (1999) e O dia em que Getúlio matou Allende (2004).
MOSTRA DE 17 a 23 de OUTUBRO (não há sessões nas segundas-feiras):
HORÁRIO 19h: MOSTRA MEMÓRIAS DO GOLPE – Entrada Franca
dia 17: JANGO, de Silvio Tendler
dia 18: DOSSIE JANGO, de Paulo Henrique Fontenelle
dia 19: ADVOGADOS CONTRA A DITADURA, de Silvio Tendler
dia 20: MILITARES QUE DISSERAM NÃO, de Silvio Tendler
dia 22: JANGO NO EXÍLIO, de Pedro Lucas
dia 23: O DIA QUE DUROU 21 ANOS, de Camilo Tavares
Filmes:
- JANGO
Brasil/documentário/
Direção: Silvio Tendler
Sinopse: Em meio à Ditadura Militar, um grupo de militares optou pela resistência ao regime, lutando pela Constituição dentro e fora dos quartéis. Uma decisão que afetou não só a eles, mas também suas familias. Perseguidos, cassados, torturados e mortos, as histórias de muitas dessas pessoas não vieram a público. O documentário tem a intenção de dar voz a esse grupo, que, até hoje, luta por justiça e reconhecimento nacional.
- DOSSIÊ JANGO
Brasil/Documentário/1h 42min/Documentário
Direção:Paulo Henrique Fontenelle
RoteiroPaulo Henrique Fontenelle
Elenco:João Goulart, Flávio Tavares,Zelito Viana
Sinopse:
João Goulart havia sido eleito democraticamente presidente do Brasil, mas foi expulso do cargo após o golpe de Estado de 1 de abril de 1964. Depois disso, Jango viveu exilado na Argentina, onde morreu em 1976. As circunstâncias de sua morte no país vizinho não foram bem explicadas até hoje. Seu corpo foi enterrado imediatamente após a sua morte, aumentando as suspeitas de assassinato premeditado. Este documentário traz o assunto de volta à tona e tenta esclarecer publicamente alguns fatos obscuros da história do Brasil.
- OS ADVOGADOS CONTRA A DITADURA
Brasil/ Documentário/2h10m
Direção: Silvio Tendler
Sinopse: Com a instauração da Ditadura Militar no período de 1964 a 1985, os advogados brasileiros tiveram um papel fundamental na defesa dos direitos humanos e das garantias dos cidadãos. Uma dura luta contra as imposições do autoritarismo e a repressão, onde esses profissionais sofreram os mais diversos tipos de ameaças e restrições. Através de depoimentos e registros de arquivos, uma reflexão sobre a época em questão e sobre a luta pela liberdade.
- MILITARES DA DEMOCRACIA:OS MILITARES QUE DISSERAM NÃO
Brasil/Documentário/2014/1h40m
Direção: Silvio Tendler
Sinopse: Em meio à Ditadura Militar, um grupo de militares optou pela resistência ao regime, lutando pela Constituição dentro e fora dos quartéis. Uma decisão que afetou não só a eles, mas também suas familias. Perseguidos, cassados, torturados e mortos, as histórias de muitas dessas pessoas não vieram a público. O documentário tem a intenção de dar voz a esse grupo, que, até hoje, luta por justiça e reconhecimento nacional.
5.JANGO NO EXÍLIO
Brasil/Documentário/2024/1h 45min
Direção:Pedro Isaias Lucas
RoteiroPedro Isaias Lucas
Elenco:João Goulart,Maria Thereza Goulart,Denise Goulart
Sinopse: Em Jango no Exílio, o documentário de Pedro Isaías Lucas retrata os doze anos do ex-presidente João Goulart, mais conhecido como Jango, durante o tempo que ficou exilado em território uruguaio e argentino. O longa inicia com Jango a caminho de Montevidél, em meados de abril de 1964, e finaliza com a morte controversa na província argentina de Missiones, em dezembro de 1976. Com uso de imagens inéditas, cartas, recortes de jornais, depoimentos de familiares e entrevistas, apresenta o dia a dia de Jango durante um período que se inseriu como um movimento histórico de ressignificação de sua imagem política e pessoal.
- O DIA QUE DUROU 21 ANOS
Brasil/Documentário/2013/1h 17min
Direção: Camilo Tavares
Sinopse: Este documentário mostra a influência do governo dos Estados Unidos no Golpe de Estado no Brasil em 1964. A ação militar que deu início a ditadura contou com a ativa participação de agências como CIA e a própria Casa Branca. Com documentos secretos e gravações originais da época, o filme mostra como os presidentes John F. Kennedy e Lyndon Johnson se organizaram para tirar o presidente João Goulart do poder e apoiar o governo do marechal Humberto Castelo Branco.
..Fonte MJDH