Zaíra da Conceição Sardinha Vitor de Carvalho *
Em meio à voragem tecnológica que marca o presente século, o Rio Grande do Sul — terra de tradições firmes e espírito aguerrido — vê-se cada vez mais imerso na modernidade líquida das transações digitais. Se por um lado as compras pela internet trazem comodidade, agilidade e acesso a mercados antes inalcançáveis, por outro, escancaram as portas a um espectro alarmante de vulnerabilidades, sobretudo no tocante à proteção de dados pessoais e à proliferação de golpes virtuais.
No entrelaçamento entre a praticidade do e-commerce e a sofisticação crescente dos cibercrimes, a sociedade sul-rio-grandense assiste a um cenário preocupante: cidadãos lesados, identidades furtadas, e um rastro de prejuízos que transcendem o material, afetando também a confiança nas plataformas digitais. Dados recentes apontam que as fraudes eletrônicas, sobretudo por meio de falsas lojas virtuais, clonagem de cartões e vazamento de informações sigilosas, têm aumentado de forma exponencial no estado, exigindo resposta firme das autoridades e, sobretudo, vigilância constante dos usuários.
O cerne da questão repousa na ainda frágil cultura de proteção de dados pessoais, que, embora impulsionada pela promulgação da Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD), encontra barreiras na falta de conscientização ampla da população. Muitos gaúchos, movidos pela sedução das promoções relâmpago ou pela pressa cotidiana, acabam fornecendo informações sensíveis a sites maliciosos, sem verificar sua autenticidade, procedência ou segurança. O preço da imprudência, nesses casos, costuma ser alto.
É imperioso compreender que, ao fornecer dados como CPF, endereço, número de cartão e até mesmo senhas, o consumidor entrega, ainda que inconscientemente, chaves de acesso à sua vida financeira e privacidade. O risco torna-se ainda mais latente quando se considera a sofisticação dos mecanismos utilizados por estelionatários digitais, que hoje operam com aparência profissional, páginas clonadas de grandes varejistas e campanhas falsas disseminadas por redes sociais e aplicativos de mensagens.
Diante disso, impõe-se uma tríade de ações urgentes: o fortalecimento da educação digital da população; a intensificação da fiscalização e da repressão aos crimes cibernéticos pelas instituições públicas; e o engajamento das plataformas virtuais em mecanismos mais robustos de verificação e proteção dos dados de seus usuários. A construção de uma internet mais segura perpassa o comprometimento de todos os atores envolvidos — do cidadão ao Estado.
No Rio Grande do Sul, em especial, onde o senso de comunidade é historicamente arraigado, é essencial que essa rede de proteção também seja colaborativa. A denúncia de práticas suspeitas, o compartilhamento de informações seguras e o incentivo a comportamentos digitais responsáveis devem fazer parte do cotidiano dos consumidores.
Em suma, navegar pelo universo digital exige hoje mais do que conexão — exige cautela, discernimento e, sobretudo, respeito à própria privacidade. Que os gaúchos, herdeiros de uma tradição de bravura, sejam também vanguardistas na defesa de seus direitos digitais. Afinal, em tempos em que os golpes se sofisticam, proteger os dados é proteger a si mesmo.
Dicas para se proteger de golpes online:
- Desconfie de preços muito abaixo do mercado. Promoções exageradas geralmente escondem armadilhas.
- Verifique se o site é confiável. Dê preferência a lojas conhecidas e observe se o endereço começa com “https”.
- Evite clicar em links recebidos por mensagens ou redes sociais. Acesse diretamente o site oficial.
- Use autenticação em dois fatores sempre que possível.
- Nunca forneça dados pessoais ou bancários por telefone ou e-mail.
- Monitore seu extrato bancário e cartão de crédito com frequência.
- Mantenha seus dispositivos atualizados e com antivírus ativo.
A segurança digital começa com pequenas atitudes. Esteja atento. O golpe só se consuma quando a vítima entrega, sem saber, as chaves de sua própria segurança.
- Zaíra da Conceição Sardinha Vitor de Carvalho – Advogada, sócia no escritório Carlos Alberto Vitor, atuante na área Trabalhista, Direito do Consumidor e em Lei Geral de Proteção de Dados, pós graduada em Direito do Consumidor pela Universidade Candido Mendes, bacharel em Direito pela UNIG, Presidente da Lei Geral de Proteção de Dados OAB/Nova Iguaçu/Mesquita, membro da Comissão de Trabalhista, Gestão Jurídica, já fez cursos online de LGPD: a sua empresa está preparada pela SEBRAE, fez curso de LGPD pela ENS, curso de Privacidade e Proteção de Dados (LGPD) pelo SENAI-SP, Leciona a disciplina de Direito Digital e LGPD em cursos particulares online, e está cursando pós graduanda em Proteção de Dados pela Damásio, membro da ABA da Comissão Estadual de Direito Digitla Proteção de Dados e IA, membro da Comissão de Proteção de Dados da OAB do Rio de Janeiro, membro da ABA de Nova Iguaçu, Pós Graduanda pela Damásio e Membro do IAB – Comissão Trabalhista.