Causas da criminalidade

Um sentimento bom

Frequentemente surge o debate sobre as causas da criminalidade, que não são enfrentadas, segundo dizem, mas apenas os seus efeitos. E segue-se um rol de causas, como educação, desigualdades sociais, desemprego, política de drogas, ausência de investimentos, etc.

Outra corrente sustenta que a criminalidade aumenta porque nossas leis são muito brandas, que tem muita impunidade, que a justiça não funciona e que temos que endurecer mais com a bandidagem.

O que vou afirmar aqui, adianto, não têm qualquer base científica, doutrinária ou estatística, sendo apenas fruto de observação pessoal ao longo de vinte anos. Logo, não se tem a pretensão do convencimento alheio.

Aproximadamente 70% dos presos cometeram o que chamamos de crimes comuns, como tráfico de pequenas porções de drogas, roubo, furto, receptação, associação para o tráfico, porte de arma. Não incluo nesse rol os crimes de homicídio e estupro, pois a quantidade de pessoas presas por estes é muito pequena, merecendo uma análise separada, em outro momento. Também não incluo os crimes de sonegação fiscal, corrupção e outros delitos de colarinho branco, pela singela razão de que, nas duas últimas décadas, jamais executei pena privativa de liberdade de alguém que tivesse sido condenado por esse tipo de crime.

Os autores desses delitos corriqueiros, que representam a grande massa carcerária, pelo menos a maior parte deles, pois evidentemente existem exceções, possuem algo em comum: a falta de amor em algum momento da infância. Essa ausência de afeto na infância surge claramente quando lhes é pedido que escrevam, sozinhos, os fatos mais importantes e felizes de suas vidas, até os 12 anos de idade. Percebe-se uma dificuldade enorme quando são confrontados com esse tipo de pergunta. E muitos não conseguem lembrar de nenhum fato, de nenhuma data ou evento marcante. Outros trazem fatos singelos, como “uma abrusilha feita pelo meu pai”.

Na outra ponta desse contexto existe uma quantidade reduzida de presos que conseguiu sobreviver ao sistema. São presos reincidentes, com vários ingressos na prisão e que, no total, mesmo intercalando, já cumpriram mais de 25, 30 anos de privação de liberdade. Pessoas que foram presas pela primeira vez antes dos 20 anos de idade e que agora já estão na faixa dos 50. São uma espécie de sobreviventes, que conseguiram driblar as doenças do cárcere e não foram vítimas de homicídio. Nestes, o que tem se observado é que a vontade e a determinação de abandonar o crime aparece quando surge alguém, na vida deles, por quem valha lutar, que mereça confiança, que não se pode decepcionar. É quando aflora um sentimento bom. Pode ser qualquer pessoa por quem valha a pena viver, como um amigo, uma companheira, um empregador, um pastor. Muitas vezes é um neto, uma criança.

Parece então uma obviedade, mas que raramente é dita, que uma das causas da criminalidade é a nossa falta de amor, especialmente em relação às crianças.

 

Texto: Sidinei José Brzuska
Fonte: Facebook pessoal do autor

 

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  1. Jorge

    Sinto ter que interferir em sua inteligente manifestção sobre o tópico em questão neste post.

    Porém, você esqueceu de mencionar como senso também uma das causas para o aumento da criminalidade, a tão já conhecida, sabida e notória e mesmo assim pouco falada corrupção policial.

    Tenho lido muitos posts em relação ao tema, e pude notar que essa que mencionei como uma das causas, parece tabú para os profissionais das mídias, para os políticos em suas campanhas e para a sociedade como um todo. Não se tratam de fatos isolados. E sim de algo que tem crescido paralelamente ao aumento da criminalidade. E um dos fatores que mais contribuem para a proliferação da corrupção policial, é a ausência de rotatividade desses policiais. O que vemos é a quase perpetuação da maioria, em áreas de atuação, sob o falso, ou simplesmente errado pretexto de que haverá mais aproximação com os cidadãos, e melhor conhecimento da área em que estão lotados. se experimentarem lotar os policiais de tempos em tempos em áreas diferentes sem opção de escolha. (Cidades, Bairros, Estados), Certamente irão começar a sentir as melhorias na segurança pública como um todo. E ainda por cima, monitorar as atividades e a ascenssão patrimonial de muitos dos policiais, que em grande parte é imcompatível com suas remunerções.

    Alguém terá que bater, bater e bater de novo nessa tecla, até que a sociedade acorde para essa questão oportuna e importantissíma para auxiliara no combate a criminalidade. {e ponto final}.

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  2. HELCIO GONÇALVES DA SILVA

    BOM DIA 26/03/2019 Estamos diante de um tema importantíssimo e que tem suas raízes nos reflexos da Economia Nacional que não respeita e nem dignifica a CIDADANIA BRASILEIRA com o absurdo de ainda achar que com R$998,00 pode-se dar educação familiar nobre. Nossos economistas desprezam as classes menos favorecidas para privilegiar os mais ricos e assim manter sua performance e inclusão no rol dos favorecidos, O Salário Mínimo tem que ser R$4.500,00 e ainda assim é pouco para uma familia de 6 filhos. Aliás a TAXA DE FECUNDIDADE POR MULHER diminuiu de 6,45 em 1940 para 1,5 em 2014 o que sinaliza que cada vez mais menos gente de 18 anos para se apresentar para servir a Pátria e mais velhos pro BRASIL SUSTENTAR. VAI OU NÃO VAI SE ACABAR HEIN ?????????
    SAUDAÇÕES HÉLCIO GONÇALVES DA SILVA

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  3. Joaquim Pereira Dias

    A meu ver, a causa mor do aumento da criminalidade á e miséria. O trabalhador rural, por exemplo, não tem mais espaço no campo. Aquele homem com a enxada nas costas nenhum fazendeiro quer pois o trabalho dele não dá paga pagar sua comida. Acontece o êxodo rural. Ele vem para a cidade. Não tem qualificação e não consegue emprego, a família desagrega, sua mulher passa a trabalhar como faxineira nas casas e apartamentos e suas filhas, ainda meninas caem na prostituição. A fome é insuportável e se ele tem um pingo de coragem parte para o furto e daí para o roubo a mão armada. O endurecimento das leis tem o condão de encher e alargar os presídios, o que representa um alto custo para o erário, haja vista que o fornecimento de alimentação para presidiários geralmente é superfaturado por diretores corruptos dos presídios, aumentando, destarte o custo da mantença do preso que ali gozam de lazer, esportes e até mesmo visitas íntimas, sem falar no auxilio reclusão que na maioria dos casos é recebido por sua família. O detento, mais das vezes, faz do cárcere sua profissão, se ganha liberdade procura delinquir o mais rápido possível para voltar a boa vida no presídio. A coisa vai por aí, não vejo solução possível no bastante propalado estado democrático de direito.

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Comentários

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