Uma outra visão sobre o não conformismo

Abertura da coluna “Olhar Acadêmico”

 

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Inquietos e inconformados

Esse texto é destinado a todos aqueles, que como eu, são inquietos e inconformados, a todos leitores, aos senhores advogados, ou não, aos liberais, aos conservadores, aos jovens, aos veteranos, às senhoras, aos senhores, às mães, às pessoas, sobretudo aqueles que de um modo ou de outro não encontram consenso no complexo e conturbado cotidiano contemporâneo.

Devemos ter perspectiva, devemos ter planos, devemos acreditar? Sim, porém não há quem falte em dizer não, em numerar diversas razões para justificar esse “não”, ainda assim reitero, sim devemos acreditar pois é o que podemos fazer e explico, é o que viemos fazer aqui.

Nesse novo espaço, a coluna OLHAR ACADÊMICO, projeto fruto do trabalho e da idealização de acadêmicos inquietos, de professores idealistas e de um jornal sensível à urgência de seus leitores e a frente de seu tempo, o Estado de Direito, visa ser uma publicação alternativa com um novo prisma contemporâneo.

Aqui a voz acadêmica se materializa, aqui o novo ideário ganha espaço e sobretudo aqui a vanguarda de toda mudança e a razão pela qual todos acreditemos nela se projeta na forma de uma coluna que visa colocar em pauta o que esperamos, o que desejamos e como visualizamos o novo amanhã.

 

As diferentes perspectivas

Há diversos modos de se ver o mundo, sob diversos prismas, há também diversas exemplos de separações e diferenças, diversas fronteiras e limites, porém para nossa necessidade e também com o intuito de sermos pragmáticos vamos nos amparar em uma visão bilateral, que seja a realidade local e a realidade mundial, pois este é um método que qualquer um pode dispor.

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Vivemos um momento que em grande medida é o tempo dos extremos, onde se o que se tem é bom isso se torna ótimo, o melhor, onde também se o que temos é ruim é péssimo não presta e nem deveria existir, um mundo onde se acredita nos ideais de direitos humanos, porém um mundo onde em nenhum outro momento se viu tamanho extremismo, ou tamanho fundamentalismo, sobretudo o religioso, como por exemplo, podemos observar nas frequentes discussões acerca da atuação do Estado Islâmico no cenário mundial.

Um mundo que tem um momento tecnológico mais desenvolvido da história e que ao mesmo tempo a maior parte de sua população não tem acesso a essa tecnologia ou sequer à educação, um mundo onde conhecidamente temos recursos para financiar armas e guerras e em contrapartida temos registros recordes de fome e de pessoas vivendo abaixo da linha da pobreza, são essas dicotomias com as quais temos que conviver que a humanidade não suporta mais.

Essa é a primeira reflexão que devemos fazer, vamos abandonar o bom senso, o temperamento, o contraditório e apostar em definições binárias ou unilaterais? O mundo não admite mais respostas simplistas para os problemas sociais que estamos enfrentando.

Logo agora que vivemos um momento declaradamente das diversidades, onde fica evidente que não é esse modo ou aquele que é o certo, tão pouco é essa visão ou aquela que são corretas, a época clama um bioma onde ambos coexistem, esse é o momento do caminho do meio, de ambos, é o momento de todos. É necessário ter a ciência e a clareza de que enquanto existirem duas pessoas diferentes no mundo, teremos dois mundos ideais para escolher, o fenômeno vida nos remete a uma verdade frequentemente esquecida, de que a vida é dinâmica, assim como é dinâmico o modo que dirigimos o mundo, não existe um axioma estático, assim como não existe hegemonia perpétua.

A história é implacável nisso, o critério de justiça ideal de ontem pode não ser o ideal de hoje, os modelos de hoje podem não servir amanhã, é fundamental aprendermos o conceito do bom senso, de aplicar a virtude da reflexão e da análise, pois a criação desse novo amanhã nesse momento percorre a minha cabeça e a sua, é daí que surge esse novo amanhã.

 

Inspiração, ação e comprometimento

Inspiração, ação e comprometimento são essas as atitudes chaves para quem quer fazer parte dessa mudança, para quem acredita nela e principalmente de quem pensa nisso como algo muito maior que uma ideologia distante. É simples, vamos abrir os olhos e observar o que realmente importa, vamos ser pragmáticos, ou ainda não acredita? Nesse caso vou contar umas histórias.

E seu dissesse que seria possível formar um movimento baseado em um princípio de “não violência” e mais que esse movimento seria tão grande que poderia culminar com a independência de um território que era uma colônia, digo mais que esse movimento pacífico teria lugar na distante década de 1920, em uma sociedade caracterizadamente racista, conservadora e ortodoxa, seria possível?

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Mohandas Karamchand Ghandi

Pois sim, Satyagraha (caminho da verdade) ou o princípio da resistência não violenta, um homem indiano de estatura baixa, com ideais pacifistas, amparado por um forte ideal de amor pelo homem ditou um movimento de resistência a Inglaterra baseado na “não violência” e de forma surpreendente iniciou e protagonizou o processo de independência da Índia, seu nome era  Mohandas Karamchand Ghandi, sim, ele mesmo, mais conhecido como Mahatma Ghandi.

É indispensável o exercício de abrir os olhos, de observar a transformação do impossível em possível, é isso que dá um caráter mágico para a vida, poder observar ou viver esse tipo de experiência é transformador. Vivemos, por exemplo, uma crise ambiental onde observamos perplexos e estáticos a inúmeras catástrofes ambientais, poluição, queimadas, emissões de gases, entre outros e será que nossa única reação é observarmos inertes a tudo isso?

Bem, vamos à segunda história, e se eu dissesse que estamos em uma das regiões mais hermas e inóspitas do mundo, se eu disser que o povo dessa região passa fome e que esse local foi quase em sua totalidade degradado, e se eu disser que uma mulher profundamente comprometida com o povo seria capaz de se levantar em meio a essa realidade e propor um movimento, que pode ser mundialmente aderido, e que esse movimento pode resolver o problema da fome e da degradação nesse local ao mesmo tempo, seria possível?

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Wangari Maathai

Novamente digo que sim, cinturão verde é o movimento e sua fundadora é Wangari Maathai, nada menos que a primeira mulher africana que conquistou o diploma de Doutorado em sua área, a mesma que foi a primeira mulher africana agraciada com o prêmio Nobel, a mesma que atingiu a inacreditável marca de mais de 1 Bilhão de árvores plantadas, estamos falando do agora da atualidade, estamos falando de um prêmio Nobel de 2004.

Mais uma vez, inspiração, ação e comprometimento, essa combinação levou essas pessoas a chegarem onde chegaram, a ter os resultados que tiveram, pessoalmente não acredito que cada uma delas tenha tido a audácia de mudar o mundo, porém foi o que conseguiram eles, mudaram um pedaço do mundo, do mesmo modo fazer uma mudança é simples, basta se comprometer a mudar localmente, não é necessário querer ir muito longe basta querer mudar onde está, ser diferente, ser honesto por si e por sua esfera local.

Presumo que será surpreendente os resultados dessa mudança de comportamento, desse comprometimento, dessa mudança de conceito de que “ninguém está se importando com nada” para “eu me importo muito com isso” ou “eu estou profundamente comprometido com essa mudança, com esse local”, não será fácil e isso requer muito diálogo assim como mudança de postura, aliás a palavra central disso é com certeza o diálogo, que aprofunda e integra as pessoas, porém os resultados disso são extremamente gratificantes.

Por último, bem como para cristalizar a possibilidade desse tipo de mudança, deixo uma última história:

E se eu dissesse que seria possível que um jovem que viveu os horrores da segunda guerra, que foi diagnosticado com tuberculose e que os médicos previam que não passaria dos 30 anos de idade, seria capaz de promover uma rede de diálogos que articularia as negociações de paz entre Rússia e China em deflagrada guerra fria e posteriormente articularia também as negociações de paz Sino-Japonesas. Se eu dissesse que ele seria capaz de montar uma rede de diálogo com os principais líderes mundiais, incluindo Nelson Mandela, Mikhail Gorbachev, Arnold Toynbee, Rosa Parks, Henry Kissinger, Yasser Arafat entre outros ilustres.

Se eu dissesse que ele seria o homem mais congratulado do mundo como Professor Honorário pelas mais diversas universidades ao redor do mundo, se dissesse que ocuparia uma cadeira na academia brasileira de letras, seria possível? Sim, e isso é mais recente ainda, este homem existe, está bem vivo e em plenas atividades de seus ideais, seu nome é Daisaku Ikeda e, anualmente, ele envia a ONU uma proposta de paz, suas atividades e seus ideais são inspirações para líderes de todo o mundo, e sua rede de diálogos para a paz marca uma crescente incessante.

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Daisaku Ikeda

Essa aspiração de viver um ideal, de acreditar nele, de viver isso dia após dia é a energia capaz de mover qualquer um, qualquer povo, qualquer nação, nessa direção. A possibilidade de mudar deve ser maior que a inércia de aceitar passivamente a realidade atual como verdade, são escolhas que de uma maneira ou de outra irão ser feitas, eis a questão – quais delas serão?

Essa coluna é tão somente um dos espaços destinados ao estímulo dessas ações, posicione-se, realize, faça e, principalmente, não se conforme.

 

dyegoDyego Lopes é Articulista do Estado de Direito. Acadêmico do curso de Direito na Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul, membro de ONG atuante na área de cultura e educação voltados para a paz. Membro de grupos de pesquisa na área social e ativista na área de direitos humanos.
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