Quem tem medo do TCC? – Parte II –

Coluna Instante Jurídico

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Fonte: Pixabay

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– PARTE II –

No intuito de dar continuidade ao ideário proposto na coluna anterior, seguimos com o conjunto de recomendações, ou, como diria alguns dos meus alunos, com o “inventário de maneiras para se fazer um TCC (sem sofrer)“.

Nesse ínterim, gostaria de agradecer o apoio prestado por esses mesmos alunos no decorrer da última semana. O interesse pelo tema, somado ao bom humor com que lidaram com recomendações da coluna anterior, fizeram com que o último texto alcançasse um número muito maior de leitores.

Ao que parece, a coluna começa a alcançar novos ares.

– E vocês são parte disso. Obrigado! –

Tecidas essas considerações, vamos ao que interessa…

6 – ATENÇÃO PARA AS REGRAS DE FORMATAÇÃO: Se na véspera da entrega do TCC, você perguntar a um aluno sobre o que ele mais teme na hora de apresentar o trabalho, é provável que ele lhe responda algo mais ou menos assim: “Apresentar não é o problema. Eu tenho medo mesmo é de os membros da banca observarem que eu não acertei fazer as normas da ABNT”. Pois bem, para os não iniciados, é bom esclarecer que a ABNT (Associação Brasileira de Normas Técnicas) é uma entidade privada, sem fins lucrativos, responsável pela padronização das técnicas que permitem a produção, comercialização e o uso de bens e serviços (dentro e fora do país) de maneira sustentável, através do desenvolvimento científico, tecnológico e da proteção ao meio ambiente e defesa do consumidor.[1]

Fonte: ufrgs.br

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Do tocante, especificadamente, aos trabalhos acadêmicos, essas técnicas referem-se a um conjunto de regras de formatação que fixam padrões destinados a assegurar a qualidade das pesquisas científicas. Por outras palavras, são orientações destinadas a padronizar desde a utilização do papel até a maneira de se apresentar as referências bibliográficas consultadas para a elaboração de um TCC. No que tange à graduação, o que se tem observado é uma certa resistência, por parte dos alunos, quanto à aplicabilidade dessas normas. A justificativa mais ouvida é que além de as regras da ABNT serem tidas como difíceis, elas ainda se apresentam de modo bastante esparso. Pensando em evitar esse tipo de ocorrência, a maior parte das Instituições de Ensino Superior no Brasil passou a adotar um manual de formatação de trabalhos científicos com base nas normas da ABNT, no intuito de auxiliar os alunos na elaboração de seus TCC’s. A esse respeito, recomenda-se aos novos pesquisadores que procurem ter acesso a esses manuais, de preferência, antes da elaboração do projeto de pesquisa, no intuito de evitar a elaboração de um trabalho de conclusão de curso de maneira imprecisa. Assim tudo fica mais fácil, e ajuda a evitar surpresas desagradáveis perante a banca avaliadora.

7 – A QUESTÃO DO PLÁGIO: Na coluna da semana anterior, destacamos que escrever um TCC demanda tempo. No tocante ao curso de Direito, vimos que o trabalho costuma ser desenvolvido em meio a atividades que, invariavelmente, subtraem um tempo considerável do pesquisador. Como é possível imaginar, a ansiedade provocada por essas contingências deixa o estudante exposto e, por vezes, suscetível à influência do que eu chamo de predadores epistemológicos, isto é, de pessoas que, ao tomarem ciência da condição de vulnerabilidade de alguns alunos, oferecem serviços que contribuem para o enfraquecimento do espírito científico. Em linhas gerais, a predação pode se dar de duas maneiras: de forma ativa ou passiva. A primeira ocorre, geralmente, quando estudantes desesperados oferecem a terceiros alguma forma de compensação (dinheiro na maioria dos casos) para que estes lhe forneçam um TCC finalizado, isto é, pronto para a exposição junto à banca avaliadora; já a segunda, apresenta-se quando determinadas pessoas vão ao encontro dos estudantes cobrando valores (muitas vezes exorbitantes) para confeccionar um trabalho de conclusão de curso dito “impecável”.

Foto: Pixabay

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Feitas essas considerações, os estudantes devem ficar alerta para que os trabalhos adquiridos não representem uma cópia (total ou parcial) de outros já existentes, em que a menção ao autor original foi omitida conscientemente (configurando, portanto, o temido plágio acadêmico). Para aqueles mais dedicados que não desejam recorrer à esse tipo de oferta, o cuidado deve ser redobrado. Digo isso porque são tantos os softwares que identificam essas ocorrências hoje em dia, que ficaria difícil dizer se o “plágio” se deu por ignorância, má-fé ou mesmo a partir de um problema estrutural existente no trabalho do aluno. A recomendação, nesses casos, é observar o que dizem os manuais de TCC fornecidos pelas Instituições de Ensino. Como dito alhures, eles são a fonte de como proceder na existência de dúvida, sobretudo porque fazem referência às principais normas da ABNT, afinal, na academia nem tudo se copia, mas quando existe a cópia, é preciso que se indique a fonte, pois é possível que uma boa parte do que escrevemos já foi pensado, dito ou publicado por outras pessoas em momento anterior.

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8 – REVISE O SEU TCC: Como vocês já devem ter percebido, elaborar um TCC de qualidade não é uma tarefa fácil. Após um longo período de planejamento, idas e vindas com o orientador, levantamento (e leitura) de uma extensa bibliografia visando o desenvolvimento de uma sólida fundamentação teórica, é chegada a hora da finalização do trabalho, mas, não sem antes, revisá-lo uma centena de vezes. Veja-se, essa é uma advertência que quase ninguém faz: ao término do TCC, é esperado que vocês estejam tão familiarizados com o trabalho, que a probabilidade de alguma coisa passar batido é gigantesca. Por tal motivo, recomenda-se que vocês o enviem para o orientador pela enésima vez; compartilhem com alguns colegas no intuito de amadurecerem ideias e obterem um novo ponto de vista; contratem um profissional ético e capacitado que se disponibilize a fazer uma leitura comprometida, observando a ortografia, o uso da linguagem e, se possível, a aplicação das normas da ABNT (a internet, inclusive, está recheada de pessoas que vivem disso). Acreditem, uma revisão cuidadosa pode ajudá-los a evitar uma diminuição desnecessária da nota e, assim, aproximá-los ainda mais do tão sonhado diploma.

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9 – SAIBA LIDAR COM A PRESSÃO E TREINE BASTANTE PARA SUA APRESENTAÇÃO: É uma verdade básica da academia que todos devem apresentar o TCC. A única variável é, como fazer. Para alguns, é um verdadeiro martírio; para outros, uma indiferença. O fato é que independentemente da escolha do aluno, treinar é preciso, haja vista que até mesmo nas situações mais controladas, podem haver algumas imprevisibilidades. Esse, aliás, talvez seja o motivo de preocupação da maioria dos que estão lendo essas linhas nesse exato momento. Nesse sentido, nossa penúltima recomendação é que vocês ensaiem bastante o que vão dizer para os professores avaliadores. Não importa como vocês farão isso, se de frente a um espelho ou na companhia de amigos. O detalhe é que ao serem avaliados, é provável que vocês estejam acompanhados de desconhecidos, e isso aumenta bastante o nervosismo (mesmo para os mais acostumados). Por isso treinem. Treinem muito. Comecem explicando o tema e os motivos da escolha do mesmo. Sigam dizendo quais são os objetivos do seu trabalho e descrevam como eles foram feitos. Por último, esclareçam como fizeram para chegar às conclusões, isso sem se esquecerem do tempo que lhes foi dado. Ao final, lembrem-se de responder as perguntas com calma e de forma polida, cuidando para não interromper a fala dos examinadores (sob nenhuma hipótese). E se der medo depois de tudo isso? Bom… vão com medo mesmo…

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10 – CURTA O MOMENTO: Depois dessa epopeia acadêmica, o que mais pode ser dito? Penso que os alunos de Direito, ao chegarem no décimo período, não devem negligenciar a matéria de TCC. Pelo contrário: ao se permitirem fazer a pesquisa, não devem resistir ao desconhecido. Em verdade, deverão manter a mente aberta, caso queiram usufruir da experiência. E se doer, é porque provavelmente valeu à pena. Afinal, na feitura de um TCC, a dor, como se sabe, é inevitável, já o sofrimento, é opcional.[2]

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– FIM DA PARTE II –

Notas e referências bibliográficas:
[1] Cf., <http://www.abnt.org.br/abnt/missao-visao-e-valores>. Acesso em: 15 Ago. 2016.
[2] A mensagem desse ultimo parágrafo é uma livre adaptação de alguns fragmentos constantes nas obras de ilustres escritores brasileiros, como Martha Medeiros e Carlos Drummond de Andrade, por exemplo.
Raphael de Souza Almeida Santos é Articulista do Estado de Direito. Graduado em Direito pela Faculdade Pitágoras – Unidade Divinópolis. Pós-graduado em Direito Civil e Processual Civil pelo Centro Universitário de Araras (UNAR/SP). Mestre em Direito Raphael AlmeidaPúblico pela Universidade Estácio de Sá (UNESA/RJ). Professor do Curso de Direito da Faculdade Guanambi (FG/BA). Coordenador do Grupo de Pesquisa de Direito e Literatura, do Curso de Direito da Faculdade Guanambi (FG/BA). Palestrante. Autor e colaborador de artigos e livros. Advogado inscrito na OAB/BA e OAB/MG.
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