Preços de alimentos batem recordes com guerra na Ucrânia

O Índice de Preços de Alimentos da Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO) atingiu um novo recorde histórico, com uma média de 159,3 pontos em março. O valor é o maior desde a criação do índice, em 1990, e representa uma alta de 12,6% em relação a fevereiro.

A guerra na Ucrânia é apontada como o principal fator para o aumento de preço de alimentos básicos. Rússia e Ucrânia são grandes exportadores de itens essenciais, como trigo e óleo de girassol.

As agências da ONU destacam que a alta nos preços atinge os mais pobres com mais força. Segundo o Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF), o impacto já está sendo sentido nas exportações no Oriente Médio e Norte da África, onde há risco de uma “crise maciça de desnutrição” em países já atingidos por outras emergências humanitárias, como Iêmen, Síria e Líbano.

Trabalhadores do porto de Dar Es Salaam carregando sacos de trigo em um caminhão, na Tanzânia.
Legenda: Trabalhadores do porto de Dar Es Salaam carregando sacos de trigo em um caminhão, na Tanzânia
Foto: © Giuseppe Bizzarri/FAO

Os preços globais dos alimentos atingiram “um novo recorde histórico”, de acordo com o índice medido pela Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO). O anúncio foi feito pelo chefe da agência, QU Dongyu, na sexta-feira (8), que destacou que a alta “atinge os mais pobres com mais força”.

Preços de alimentos básicos, como o trigo, milho e os óleos vegetais, tiveram nova alta devido à guerra entre Rússia e Ucrânia. O aumento se soma aos efeitos de mais de dois anos da pandemia de COVID-19, que continua a impactar negativamente a economia mundial.

O Índice de Preços de Alimentos da FAO teve uma média de 159,3 pontos em março, um aumento de 12,6% em relação a fevereiro, quando já havia atingido seu nível mais alto desde sua criação em 1990.

O Índice acompanha as mudanças mensais nos preços de uma cesta de commodities alimentares comumente negociadas. Os preços do mês passado foram 33,6% mais altos no geral, em relação a março do ano passado.

Impactos da guerra – Impulsionado pelo aumento dos preços do trigo e dos grãos grossos – em grande parte como resultado da guerra na Ucrânia – o Índice de Preços de Cereais da FAO foi 17,1% maior em março do que apenas um mês antes. Nos últimos três anos, a Rússia e a Ucrânia juntas responderam por cerca de 30% e 20% das exportações globais de trigo e milho, respectivamente.

O recém-lançado Resumo de oferta e demanda de cereais da FAO estima que pelo menos 20% das safras de inverno da Ucrânia que foram plantadas podem não ser colhidas.

O documento também aponta para uma produção mundial de cereais de 2.799 milhões de toneladas, ligeiramente acima de 2020, com a produção de arroz atingindo um recorde histórico de 520,3 milhões de toneladas. O uso global de cereais em 2021-22 está projetado para atingir 2.789 milhões de toneladas, incluindo um nível recorde para arroz, com aumentos também esperados para milho e trigo.

Prevê-se que os estoques globais de cereais aumentem 2,4% até o final deste ano, em relação aos níveis iniciais, em grande parte devido aos maiores estoques de trigo e milho na Rússia e na Ucrânia, por conta das menores exportações esperadas.

A FAO reduziu sua previsão para o comércio mundial de cereais na atual campanha de comercialização para 469 milhões de toneladas, marcando uma contração em relação ao nível 2020-21, em grande parte devido à guerra na Ucrânia e com base nas informações atualmente disponíveis.

As expectativas apontam para o aumento das exportações de trigo da União Europeia e da Índia, enquanto Argentina, Índia e Estados Unidos devem embarcar mais milho – compensando parcialmente a perda de exportações da região do Mar Negro.

Óleo e açúcar – O Índice de Preços de Óleos Vegetais da FAO subiu 23,2%, impulsionado pelas cotações mais altas do óleo de semente de girassol, do qual a Ucrânia é o maior exportador mundial.

Os preços do óleo de palma, soja e colza também aumentaram acentuadamente como resultado dos preços mais altos do óleo de semente de girassol e do aumento dos preços do petróleo bruto – com os preços do óleo de soja ainda mais sustentados por preocupações com a redução das exportações sul-americanas.

O Índice de Preços do Açúcar da FAO subiu 6,7% em relação a fevereiro, revertendo quedas recentes para atingir um nível mais de 20% superior ao de março de 2021.

Carne e laticínios – Enquanto isso, o aumento dos preços da carne suína relacionado a um déficit de animais para abate na Europa Ocidental elevou o Índice de Preços da Carne da FAO em 4,8% em março, atingindo um recorde histórico.

Os preços internacionais de aves também se firmaram em sintonia com a redução da oferta dos principais países exportadores após os surtos de gripe aviária.

Em meio a um aumento na demanda de importação para entregas de curto e longo prazo, especialmente dos mercados asiáticos, as cotações de manteiga e leite em pó aumentaram acentuadamente, elevando o Índice de Preços de Lácteos da FAO em 2,6%, tornando-o 23,6% maior do que em março de 2021.

Efeitos em outras emergências humanitárias – Na quinta-feira (8), a ONU já havia chamado atenção para o risco de uma “crise maciça de desnutrição” para milhões de crianças em outras emergências, devido ao enorme impacto da guerra na Ucrânia nos preços globais dos alimentos.

As crianças no Sudão recebem uma pasta à base de amendoim para tratamento da desnutrição.
Legenda: Crianças que já sofrem com outras crises humanitárias estão entre as mais afetadas pela alta dos preços
Foto: © Shehzad Noorani/UNICEF

Segundo o Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF), as importações foram interrompidas para o Oriente Médio e Norte da África, onde mais de 90% dos alimentos vêm do exterior.

A agência destacou que a alta de preços em itens essenciais, incluindo trigo, óleo de cozinha e combustível, tem um efeito severo em crianças, especialmente no Egito, Líbano, Líbia, Sudão, Síria e Iêmen.

A diretora regional do UNICEF para o Oriente Médio e Norte da África, Adele Khodr, fez um apelo aos parceiros de ajuda para consolidar os esforços para fornecer e ampliar urgentemente a prevenção, detecção precoce e tratamento da desnutrição para lidar com as necessidades de milhões de crianças e mulheres, especialmente nos países mais afetados por crises. “Isso é fundamental para evitar uma crise massiva de desnutrição para as crianças da região”, destacou.

De acordo com a UNICEF, menos de quatro em cada 10 crianças pequenas no Oriente Médio e Norte da África recebem as dietas de que precisam para crescer e se desenvolver adequadamente.

A região já apresenta altas taxas de desnutrição e deficiências de micronutrientes, o que significa que quase uma em cada cinco crianças é raquítica, e aproximadamente o mesmo número sofre de perda de peso – ou rápida perda de peso – ligada à falta de alimentos.

Por mais alarmantes que sejam esses dados, a situação é ainda pior nos países do Oriente Médio e Norte da África que foram mais impactados pela guerra na Ucrânia, como Iêmen, Sudão, Líbano e Síria.

Fonte ONU

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