Por que a política de Marchezan, Sartori e Temer é reacionária?

Coluna Democracia e Política

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Nossos reacionários

A política de Marchezan, Sartori e Temer é reacionária porque é tudo, menos conservadora. Suas medidas querem-se tão radicais e modernas quanto as dos revolucionários petistas, mas o que os fazem reacionários é a nostalgia com o passado idealizado do capitalismo e o medo apocalíptico de que a história, nas mãos da esquerda, esteja levando a catástrofe.

Foto: Agência Brasil

Foto: Agência Brasil

Assim como o revolucionário, os reacionários Marchezan, Temer e Sartori tem seu engajamento motivado por ideias desenvolvidas em anos de aprendizado. Daí porque é necessário compreender porque mais uma vez, Marchezan reencaminha projetos derrotados à Câmara Municipal, pois suas paixões determinam o conflito com o legislativo. Inspirado na análise de Mark Lilla, A mente naufragada – sobre o espírito reacionário (Editora Record, 2018), mostramos aqui alguns aspectos da força do espírito de reação na política nessas lideranças.

Lilla inicia perguntando-se “o que é a reação” e se surpreende que existam tão poucas obras que a descrevam, ao contrário da ideia de revolução, objeto de inúmeros relatos. “Não temos boas teorias dessa natureza sobre reação, apenas a presunçosa convicção de que ela se enraíza na ignorância e na intransigência“. O espírito de reação surgiu no mundo para enfrentar o espirito revolucionário e é uma força potente, afirma Lilla “o reacionário é o derradeiro ‘outro’ relegado as margens da investigação intelectual respeitável”.

A origem da palavra “reação” remonta à obra O espírito das Leis onde Montesquieu retratou a vida política em termos dinâmicos, “uma infindável série de ações e reações”. Lilla afirma que a revolução francesa foi fundamental para mudar seu significado: “Toda a história anterior adquiriu o significado de uma preparação para aquele momento, e todos os atos futuros eram orientados para um fim, a emancipação humana”, diz. E completa: “O rio do tempo flui em uma única direção (…) quem quer que resistisse a corrente do rio ou mostrasse entusiasmo insuficiente a respeito da chegada ao destino era considerado reacionário. A palavra ganhou a conotação moral negativa que tem ainda hoje”.

Reacionário não é conservador

A política de Marchezan, Temer e Sartori  é reacionária e não conservadora. A sua maneira, querem ser tão radicais quanto a esquerda revolucionária, mas ao contrário da esquerda, não creem numa nova ordem social redentora, mas vêem com medo tudo aquilo que leve ao fim do capitalismo.  Foi assim também, lembra Lilla, para os primeiros pensadores contrarrevolucionários como Joseph de Mainstre, que viu 1789 como o fim de uma jornada e não o seu início. Da mesma forma, para Machezan e todos aqueles a quem segue a mesma visão de mundo liberal como Sartori e Temer, os novos governos neoliberais são o fim de um movimento da esquerda no poder.

Por isso a oposição constante e luta contra direitos consagrados e conquistas dos trabalhadores, pois correspondem a anos de desdobramentos de direitos que tornam a vida para o capital insuportável, que corroem mecanismos básicos do lucro capitalista, narrativa que se torna o modelo do discurso político de Temer, Sartori e Marchezan no país, seguindo diretamente o que já se vê no mundo. Para todos, seu estado feliz e ordenado é o do capital, mantido pelo mercado. A ideia de esquerda e revolucionária que o mercado deve ser submisso a sociedade é uma ideia alienígena que questiona a harmonia e a ordem do mercado. Para nossas lideranças, impor limites ao mercado só pode ser uma falsa consciência, e para o reacionário, deve ser combatida com destruição “À mente reacionária é uma mente naufragada. Onde os outros veem o rio do tempo fluindo como sempre fluiu, o reacionário enxerga os destroços do paraíso passando a deriva. Ele é um exilado do tempo”, diz Lilla.

A esquerda, ao contrário, vê um futuro radioso onde os reacionários não são capazes de ver, porque estão fixados demais no passado, no esplendor do início do capitalismo, onde não havia limites para o mercado e para o capital. “Que saudade da exploração do trabalhador, olhe aí, que fascinante a desregulamentação do trabalhador, olha lá, que interessante, trabalha-se mais de doze horas”. Tudo isso fascina o reacionário, daí seu esforço como Marchezan, em retirar todos os direitos dos servidores públicos, ou de Sartori, em parcelar ad infinitum o salário dos seus trabalhadores. Como a esquerda, o reacionário também se sente responsável por uma missão, mas no seu caso é posicionar-se contra todo o ataque ao capital, gritando em bom som “A combatividade da sua nostalgia é o que torna o reacionário uma figura tipicamente moderna, e não tradicional”, diz Lilla.

A força do reacionarismo

Para o autor, há uma vitalidade no espirito reacionário que é capaz de sobreviver mesmo frente a ausência de um programa político. Temer assumiu o governo no PT, mas como representante da direita, incorporou as diretrizes econômicas do mercado, bem distante do ideal de Dilma Rousseff. José Ivo Sartori negou qualquer compromisso em campanha com setores estratégicos do serviço público como professores e Marchezan prometeu o disse para conquistar votos e cumpriu o que não disse: na campanha prometeu não vender a Carris e está prestes a fazê-lo; prometeu apoio ao carnaval e não o fez.

Todos são unânimes em criticar as ditas “modernidades” trazidas por governos anteriores porque na sua opinião, só teriam inchado o estado de forma irresponsável.  Essa mitificação de um mundo perfeito sobre a égide do mercado e do estado mínimo só é possível por uma ansiedade que cada governante tem com a experiência da conquista de direitos “Toda grande transformação social deixa para trás o frescor de um Éden que pode servir de objeto para a nostalgia de alguém. E os reacionários de nossa época descobriram que a nostalgia pode ser uma forte motivação política, talvez mais poderosa até que a esperança. As esperanças podem ser desiludidas. A nostalgia é irrefutável”, diz Lilla.

Nossos governantes reacionários são o equivalente político do sacerdote retrogrado e sexualmente reprimido, são o equivalente do brutamonte sádico de direita e do marido autoritário. Todas são figuras caricatas e são também onipresentes, todas são movidas por suas paixões e tem suas teorias para explicar o mundo. “É mero preconceito considerar que os revolucionários pensam, ao passo que os reacionários apenas reagem. Seria simplesmente impossível entender a história moderna sem entender de que maneira a nostalgia política reacionária ajudou a molda-la, ou compreender o presente sem reconhecer que, como um auto exilado, tanto quanto o revolucionário(…) precisamos entender [dos reacionários] suas esperanças e medos, suas suposições, suas convicções, sua cegueira” diz Lilla.

A base do reacionarismo é a nostalgia politica

Lilla aponta que na base do reacionarismo não está o pensamento conservador, de preservar algo bom do passado, mas uma nostalgia política que tomou conta do pensamento no século XX. Essa nostalgia política está na base do desespero como suposto “fim da civilização como conhecemos” que intensificou-se com o fim da Segunda Guerra Mundial, onde as catástrofes pediam explicação e diversos pensadores, segundo Lilla, começaram a oferecer respostas reacionárias, marcadas por clichês, mistificações históricas e que também, no seu entender, aparecem de forma também reacionária no movimento ecologista apocalíptico – o que de certa forma, coincide com a análise do filosofo esloveno Slavoj Zizek.

Os ensaios de A mente naufragada – sobre o espírito conservador, exploram autores que usaram e abusaram da nostalgia moderna. Lilla fala que Franz Rosenweig estava convencido de que o judaísmo não tinha conseguido encontrar um lugar na sociedade moderna porque tentou-se modernizar e propunha voltar a sua essência transcendente; Eric Voegelin  queria explicar a crise da democracia e a ascensão do totalitarismo como ruptura da história das ideias, produto de um queda de declínio intelectual; Leo Strauss punha no pensamento de Maquiavel o momento de uma ruptura histórica, no qual incentivou o homem a passar da contemplação para o controle da natureza. Todos idealizam uma sociedade perdida com os novos tempos, que perdeu uma essência do passado, todos culpam a decadência do presente pelos movimentos reformistas anteriores.

Diferentemente dos pensadores abordados por Lilla, Sartori, Temer e Marchezan não centram suas análises no projeto americano dos anos 60, mas nas reformas promovidas pelo PT dos anos 80, mas, de certa forma, tendem também a defender que a sociedade está perdida do jeito que está.  Por isso a atenção de Temer está nos avanços trabalhistas e suas consequências para o mercado; o foco de Marchezan nos avanços da previdência dos servidores e sua consequência para o aumento do custo da máquina pública – nunca considerando os gastos públicos como obrigação, mas como dívida contraída à revelia do verdadeiro interessado, que ele diz ser a sociedade para dizer baixinho o mercado. Não é por esta razão que Marchezan apresenta mais um projeto de reforma da previdência, onerando ainda mais os servidores e retirando do município uma obrigação com a instalação do Plano de Previdência Complementar? Não esta a razão pela qual o Prefeito, mais uma vez, combate avanços, triênios e toda uma série de direitos garantidos pelo Estatuto do Funcionário Público, criados para valorizar, fixar e incentivar a qualificação do servidor, que é em última análise, o produtor de políticas públicas? Ora, tudo isso é, de certa forma, uma espécie de nostalgia, isto é, saudade por um mundo onde não havia direito algum, onde o estado não tinha o tamanho que tem hoje, etc. Para Marchezan, Sartori e Temer, a administração pública está desorientada e por isso fazem uma reação.

A nostalgia política leva a trágedia política

A nostalgia de nossos governantes é trágica porque veem épocas do passado sem direito algum como épocas de ouro. Para Marchezan, Sartori e Temer “ o mundo não é o que deveria ser”, são personagens reacionários porque se convenceram de que o mundo um dia foi o que deveria ser e não é mais. Tais personagens sofrem num mundo de conquistas, num mundo de direitos, porque eles cortam na carne do mercado, na carne do capital. Os reacionários, como Bolsonaro, se rebelam contra as conquistas dos diversos movimentos sociais, como o LGBT, ele não suporta a ideia de que o regime militar passou. Não possuem ironia “A ironia pode ser definida como a capacidade de se acomodar a defasagem entre o real e o ideal sem violentar nenhum dos dois” diz Lilla.  Marchezan sofre da ilusão que sucessivas gestões do PT produziram uma escola improdutiva – nada disso, produziram uma escola democrática; Sartori sofre da ilusão que os equipamentos do estado são gastos que o mercado vai substituir com lucro – nada disso, a extinção da FEE e a contratação da FIPE só aumentam o prejuízo do Estado; Temer sofre da ilusão de que é um presidente legítimo – nada disso, tudo foi produto de um golpe organizado pelas forças que perderam a eleição.

Todos assumem o lugar do messias para as classes reacionárias. Marchezan não se melindra em procurar empresários de sucesso, fazendo-os participar de seus comícios na Câmara Municipal e dirigi-se a eles em almoços sucessivos: sua fantasia escora-se no pressuposto de que o passado da esquerda na capital precisa ser enterrado para o que o capital possa voltar a época de ouro. Sartori apresenta-se como salvador do estado, ainda que hajam críticas as medidas adotada de seu suposto “saneamento” que nada mais faz do que entregar o Estado ao mercado, de mão beijada, como fez com as ações do Banrisul. Temer, que faz mais uma aparição no dia do trabalhador, dia 1º de maio, justamente ele, para dizer o quanto fez pelo trabalho, quando em realidade, os indicadores de desemprego têm-se aumentado sem parar graças as suas medidas antitrabalhistas.

O problema é que cada governante reacionário quando se elege, tem a necessidade de dividir o tempo em épocas distintas, afirma Lilla. Sua consciência histórica reacionária se faz com angústia porque sua convulsão é ver-se num mundo que não reconhece como seu – com direitos demais, com privilégios de mais. Da mesma forma que para Bolsonaro é inconcebível ter uma filha mulher – “fraquejei”, como afirmou –  tudo está no fato de que a mente reacionária não aceita o mundo evolui, que direitos ascendem, que grupos conquistam seu espaço e produzem redistribuição da riqueza. Recusam se adaptar, querem retornar a uma época de ouro ao contrário da esquerda, que luta por um futuro melhor.

O reacionarismo político é um pensamento mágico

Foto: Elza Fiúza/Agência Brasil

Foto: Elza Fiúza/Agência Brasil

“O pensamento em termos de épocas é um pensamento mágico”, diz Lilla. É exatamente assim, o pensamento reacionário também é. O pensamento reacionário é mágico porque acredita na missão profética de fazer retornar as coisas ao seu lugar. Marchezan se julga a mão providencial que irá retirar os direitos dos servidores para retornar a um mundo onde não havia direito algum; Sartori se julga a mão providencial que irá retirar do estado todos os equipamentos que julga darem peso e extrapolarem sua função; Temer se julga a mão providencial que irá garantir um futuro a sociedade, quando é justamente ele que está a extermina-lo com a reforma trabalhista e previdenciária. Todos são movidos, nos termos de Lilla, por esse pensamento mágico que julga que cada um deles inicia uma nova era, cada um deles julga sua época culminante, é uma narrativa mítica porque cíclica, que substitui o que no passado era a lei natural do cosmo pela lei natural do mercado, substitui a vontade de deus pela vontade do capital. O que o reacionário não consegue entender é que não há um mecanismo capaz de fazer a história voltar ao passado: ainda que Bolsonaro deseje, os militares não irão ocupar de novo o poder – aprenderam o suficiente para evitar isso; ainda que Marchezan deseje, não é possível ter certeza do sucesso de suas medidas porque depende da luta contra os servidores e da oscilante posição do legislativo; ainda que Sartori almeje, não é possível seu projeto de extinção ser completo pela interferência do poder judiciário.

Tanto Temer, como Sartori e Marchezan usam e abusam da reação, isto é, do desenvolvimento de uma visão em reação ao progressivismo, que só pode ser uma visão apocalíptica da história recente, defesa da crise, da falta de recursos, para identificar a necessidade de “endireitar” (sic) o estado, sua forma nostálgica de voltar a um passado melhor. Mas a questão é justamente essa, não há passado melhor algum a voltar, ao contrário, foi a partir do passado que melhorou a situação de tudo e de todos – novos direitos, novas instituições, novas obrigações. “Para a imaginação apocalíptica, o presente, e não o passado, é o território estrangeiro” diz Lilla. Por isso todos eles estão inclinados a sonhar com eventos que os coloquem às portas do paraíso: Marchezan sonha com o dia em que o servidor não terá direito algum; Sartori sonha com o dia em que o parcelamento será a única forma de pagamento dos servidores; Temer sonha com o dia em que não haverá regramento algum da CLT para empresários observar –  não foi dele até a proposta de que grávidas trabalhassem?

Agora, os políticos e pensamento reacionário estão impondo derrotas a esquerda. Ao impor derrotas eleitorais sucessivas produzem um sentimento depressivo na esquerda “As portas do reino permaneciam fechadas, e tudo que restava era a memória da derrota, da destruição e do exílio. E fantasias sobre o mundo que perdemos. Para quem nunca experimentou derrota, destruição ou exílio, é inegável o charme da perda”, diz Lilla. O autor exemplifica com a proposta da agência de viagens que oferece um tour decadentista por Bucareste, na Romênia, para oferecer a paisagem pós-comunista. Ora, não é exatamente essa a sensação que fica após a tentativa do vereador Cassio Trogildo (PTB) de criar o Museu do Orçamento Participativo?  Ele não estará ocupando, como os prédios com escombros de Bucareste, esse imaginário, ali não iremos procurar para sentir a força da determinação democrática que uma vez já tivemos na capital?

Para reforçar o pensamento crítico

Para que o reacionarismo tenha sucesso, é preciso que ele dê um novo lugar ao pensamento crítico, ao revolucionário, a esquerda. Esse lugar é o de vítima da história de frente para o abismo. Agora, a direita reacionária vence se a esquerda não é capaz de sair de casa para uma passeata porque está chovendo; o reacionário vence se a esquerda resigna-se em uma posição subalterna. A política da nostalgia reacionária diz respeito a este tipo de questão e surpreende que não haja de parte da esquerda nenhuma crítica a literatura de banca de jornal permanente com biografias de Hitler, que não haja nenhuma crítica ao caráter alienante da cultura popular de massa, que não haja nenhuma crítica a disseminação da visão reacionária de grandes conglomerados de comunicação, como o jornal Zero Hora. O que é a sucessiva campanha de ZH contra servidores? O que é insistente campanha de seus editores, redação e formadores de opinião em defesa do projeto de Marchezan? Como é possível que não haja uma crítica a fuga da neutralidade jornalística e assunção, por um conglomerado, de uma posição como a única possível? Tulio Milman, que chegou a defender recentemente em sua coluna Informe Especial o voto nulo, não é uma forma de tentar antecipar a vitória do pensamento e posição reacionária nas próximas eleições pela simples repetição das condições que levaram Marchezan a vitória? E a defesa, por Rosane Oliveira, do projeto de Machezan junto a Câmara, não é se não outra forma de exercer pressão no espaço que é de leitura obrigatória da política, a seção Política?

Foto: Tânia Rêgo/Agência Brasil

Foto: Tânia Rêgo/Agência Brasil

Nossos governantes reacionários reagem, isto é, querem levar nossas sociedades de volta ao passado no que ele tinha de pior. Por isso não são conservadores pois estes querem do passado o melhor. Os reacionários não: eles querem o pior do passado: Marchezan quer de volta a era anterior no qual não havia uma organização como a proposta pelo Estatuto dos Servidores; Sartori quer de volta uma era anterior na qual inexistia grandes equipamentos e órgãos que prestavam serviços públicos; Temer quer de volta uma era na qual direitos trabalhistas inexistiam. Todos sonham com o início do capitalismo, com fábricas explorando de forma ilimitada trabalhadores e com serviço público desregulamento. Como diz Lilla , são governantes cujas ações vão “rumo ao passado”.

O discurso apocalíptico, diz Lilla, nunca sai de moda no pensamento reacionário. Marchezan aprimora a cada dia o discurso que diz o quando está ameaçada a prefeitura se não forem atendidas suas medidas, como o fez no dia em que apresentou mais uma vez, seus projetos à Câmara Municipal. Não é à toa que, a aliada ZH sinaliza com o retorno do parcelamento de salários a nível municipal. Para Marchezan, depois do PT, a Prefeitura tornou-se uma administração licenciosa, governada por servidores sedentos de gratificações e vantagens. Curiosamente, Marchezan é o mesmo Prefeito que, em nome da valorização de seus CCs mais próximos, nomeia para cargos em entidades  extintas, a título de valorização salarial, como o escritório da Trensurb.

Nos termos de Lilla, está acontecendo no Brasil algo que só acontece no mundo mulçumano. Aqui como lá, convergem forças do individualismo, do materialismo, da indiferença moral, da tirania e cria-se uma nova jahilyya contra a qual todo o brasileiro deve lutar. Nossos líderes, como os líderes mulçumanos, não aceitam acordos, não liberalizam, não democratizam e encarnam, isto sim, a palavra de Deus e instituem a Sua Lei, cabendo a nos seguir seu exemplo. Não foi assim com os “patos”, com a mobilização da classe média, inspirada nos movimentos de 2016 em apoio a direita? E a emergência de Bolsonaro não tem equivalente as tentativas nazistas de voltar a Roma através da Valhalla? “Quando a Época de Ouro encontra o Apocalipse, a terra começa a tremer”, diz Lilla.

Estamos às vésperas das eleições de 2018. A época de ouro do projeto de esquerda enfrentará o apocalipse, a força do pensamento reacionário. Mesmo com a imensa mobilização da esquerda no dia primeiro de maio em Curitiba, o que impressiona é a pequena quantidade de anticorpos que a esquerda dispõe contra a direita. Lula, condenado, será eleito? “O que se perdeu com o tempo pode ser encontrado com o tempo”, diz a literatura oriental. Falta fé e vontade na esquerda em sua luta contra o pensamento reacionário? Com certeza. Mas é preciso aprender com o tempo, vencer as divisões para, como diz o provérbio, encontrar de novo a politica. E a esquerda, o pensamento crítico, tem esse dever para com a sociedade.

 

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Jorge Barcellos é Articulista do Estado de Direito, responsável pela coluna Democracia e Política – historiador, Mestre e Doutor em Educação pela UFRGS. É autor de “Educação e Poder Legislativo” (Aedos Editora, 2014), coautor de “Brasil: Crise de um projeto de nação” (Evangraf,2015). Menção Honrosa do Prêmio José Reis de Divulgação Científica do CNPQ. Escreve para Estado de Direito semanalmente.

 

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