A Operação Espelho, desencadeada para prender uma quadrilha que fraudava carteiras de motorista usando o papel original do Departamento Estadual de Trânsito (Detran), foi desarticulada hoje (11) pela Polícia Civil, no Rio de Janeiro.
Onze mandados de prisão preventiva foram expedidos. Nove deles foram cumpridos hoje, uma pessoa morreu ao longo da investigação e um integrante está foragido. Outra pessoa foi presa por dívida de pensão alimentícia.
Segundo o delegado titular da 35ª DP de Campo Grande, Hilton Alonso, a quadrilha movimentou cerca de R$ 3 milhões em um ano. A investigação vai continuar, contando agora com a participação da Corregedoria do Detran, para descobrir como a quadrilha conseguiu o material utilizado.
Segundo a polícia, o esquema compensou por muito tempo, O chefe do grupo pagava R$ 8 mil de prestação de carro e andava de helicóptero. O delegado explicou que, por se tratar de dinheiro frio, o grupo não tinha como comprar apartamento ou adquirir outros bens.
A quadrilha morava no Cachambi, zona norte do Rio, e atuava em toda Baixada Fluminense e na capital. Durante a investigação, que durou cerca de sete meses, 141 pessoas foram indiciadas e 151 mandados de busca e apreensão foram expedidos. Segundo a polícia, ainda há mandados a serem cumpridos em outros estados e municípios distantes.
De acordo com Alonso, a investigação começou a partir da desconfiança de um policial militar ao verificar a habilitação de um motorista. “Essa pessoa foi levada para a 35ª DP e constatamos que a carteira de habilitação dela era falsa. Aí, descobrimos quem estava comprando essas carteiras e, finalmente, cumprimos os mandados de busca e apreensão”.
A polícia identificou um número elevado de compradores de carteiras de habilitação falsas. “Agora, na terceira fase da investigação, eles serão chamados para responder por esse crime. Também será investigada a participação de funcionários do Detran na aquisição do material e a numeração dos papéis utilizados”.
Segundo o delegado, a quadrilha agia com o intuito de ludibriar as autoridades. “Além do material ser de qualidade (apenas os dados inseridos eram falsos), eles faziam um prontuário de averiguação no site do Detran. Quem não tem muito conhecimento, abre o site e vê que há um prontuário em aberto, então acha que o processo está correndo, e que a carteira vai sair pelos meios legais. E isso não é verdade”, disse.
Os presos vão responder por organização criminosa, com aumento de pena por eventual participação de funcionários públicos, podendo pegar de 3 anos e seis meses a 13 anos e quatro meses de prisão. Eles poderão ser responsabilizados ainda por falsificação do documento, quando a investigação for encerrada.
Fonte: Agencia Brasil