Artigo veiculado na 27ª edição do Jornal Estado de Direito, ano IV, 2010.
Luis Alberto Warat*
El manifiesto es el género de este texto. Nele pretendo establecer de forma surrealisticamente ordenada os prolegomenos de mia proposta existencial-pedagogica. O manifesto que aquí pretendo esbosar en suas bases ven na saga de meus manifestos surrealistas do direito, ja que seu objetivo é o de injectar um pouco do acto poético na educacióne na pedagogia da Edade Digital.
El texto que usted tiene en suas manos tiene que ser, a su vez, considerado un esboço para el manifesto de la educación surrelista ,que ainda no elabore.
Fuimos educados. Nosso devir como ser é nossa educación. Somos siempre siempre sendo e estamos siempre sendo feitos, sendo feitos pelos outros, como os otros queren que sejamos feito. A ese estar sendo feito por outros a modernidade chama de pedagogia.
La presencia del surrealismo, praticamente ao longo de tudo o seculo XX, sua continuidade e sua evidente contemporaneidade, permiten a revisão transformadora das ilusoes que funcionan como soporte da historia das verdades nos seculos da modernidade. El proposito do surreralismo e subversivo: abolir esa realidade do ter para ser, que una modernidade vacilante nos impos como sendo a unica posibilidade de constitucao da identidade.
Intelectualmente nos invadio impondonos ter a verdade como ser, o ser da verdade, a famosa esencia das coisas. Algo que o paradigma positivista arraso em partes, nos deixo incrustada a idea que para ser un cientista, un intelectual o um profesor exitoso era necesario ter o saber, estar depositario das verdades. Isso fue o que eles internalizaron na escola como mandato institucional e logo reprodujeron cuando fue a sua hora. Viven acreditando e ensinando que ser professor e ter saber, e ainda mais eles son, como gente, na medida do saber que acreditan ter.
Uma das armadilhas da meta-epistemologia da modernidade, burguesa o marxista, no ponto tanto faz, e a de tentar impor uma determinada visão da realidade e da produccão das verdades cientificas, una determinada visão epistemologica como sendo o real e a captacão plena dele. Ha, porem, una jogada ideologica (num sentido especial do termo, me refero a seu uso no nivel meta-epistemologico)
nesta percepcao da realidade e seus procesos de conhecimento, ja que,na medida em que é proposta uma aceitacao sumissa e ingenua de uma dada realidade, tambem está sendo proposta a aceitacao de sua normalidade. Ou seja, a creenca no real torna-se una creenca socialmente producida, que incluso serve para legitimar a ideologia e a lenguagem que justifica essa realidade, bem como a sociedade que a produziou apostando en algun gran relato.
O movimento surrealista e algo muito mas abragente e ambicioso que qualquer vanguarda preocupada em transformar a linguaguem artistica,provocando transformacao circunscriptas ao terreno da estética; o surrealismo e uma expressão da busca da transformacao do homen e da sociedade atraves do acto poetico e seu gozo. A procura do surrealismo e a de una ruptura muito mas radical que a de una revolucao estetica. E a roptura radical con todo e qualquer dos cuatro grandes relatos ,que procurando la plenitud potencializam um longo conglomerado de lugares comuns, esteriotipos e ilusiones toxicas.
Um levantamento de contribuções e acertos do surrealismo poderia, principalmente, si nos detivermos em sua concepcao da linguajem e da relacao entre linguagem e realidade é a de servir como elemento instigador de funçao da criação poetica en todos os campos do saber e da produccao educativa.
O surrealismo, e por isso me inscrivo como educador existencial nessa corrente, tenta repensar o homem, a sociedade, e a relação entre o homem e a sociedade, pasando pela revalorizacao do sujeito, porem entendido dialecticamente, como relacao com o que lhe é exterior e con o inconciente, o não sujeito consciente, o outro, o duplo do romanticismo (o que eu chamo de reserva de sensivilidade). O surrealismo é uno dos grandes temas. No so do seculo pasado, sinão como a grande tematica, algo importante a ser agendado nos debates inaugu raes do seculo que nos esta llegando. Dia a dia se faz mais evidente e patetico que a grande casa familiar, o casarão, construido por la modernidade occidental se nos ha volto prisão, laberinto sangrento, matadoro colectivo, navio de negreros e nao mais arca de Noe. Não é de extranar as tentativas de por en entredicho a realidade e que procuremos uma saida.
O surrealismo não pretende outra cosa que por em radical entredicho as coisas que ate agora a humanidad, casi en sua totalidade, considero inmutavel e camino a sua plenitude. Porem, o surrealismo é tambem una intensa tentativa de encontrar uma via de saida educacional e cultural, por via da redescuberta de nossa sensivilidade. No procurando salvação, mais da vida verdadeira. Ao mundo de robos da racionalidade automatizada, o surrealismo contrapoe os fantasmas do desejo. Reducido a seus propios medios o surrealismo ha parado de afirmar que a liberacao do homem debe ser total e asperar a plenitude. Eso se falava nos tempos dos grandes relatos. O surrealismo precisa adaptarse a la era da fragmentacion e dos pequienos relatos, que alies ela mesma fomento e ayudo a construir. O surrealismo deve reclamar la paternidade da transmodernidade. Sua sensibilidade a flor da pele a fecundo.
Octavio Paz, em seus escritos sobre o surrealismo, afirma a existencia de un duplo movimento no surrealismo, de naturaleza dialectica: un momento de objetivaçao do sujeito e outro momento de subjetivaçao do objeto. De un lado uma natureza animada, organica cargada de vida e de desejo (personalizada diria eu). De utro, uma subjetividade permeavel ao desejo e principalmente ao amor. O surrealismo recusa-se a ver o mundo moralmente como um conjunto de cosas boas o más; da mesma forma negase a ver o mundo utilitariamente como um conglomerado de coisas uties o nocivas.
Finalmente tampouco considera o mundo a manera pura con que o ven os homens de ciencia, ou seja, como objeto ou grupo de objetos desnudados de todo valor, desprendidos do espectador, imperialmente asumidos como verdaderos no discurso que produzen. Os homens de ciencia faz questão de ignorar que o objeto esta iluminado pelos homens; como diz Paz: o olho que o mira o amolece como cera, a mão que o toca o modela como argila. O objeto se subjetiviza, é o mesmo objeto servindo a varios poderes. Nace, entao o objeto (que como un centauro es mitade coisa e mitade subjetividade que se integra ao real material: una subjetividade materializandose.
O surralismo construyue un objeto subjetivo, filho do desejo: um cenario de gigantes, as manchas na parede reencontram vida,comenzan a voar e são um exercito de aves que com seus bicos terriveis dilaceram o ventre da bela acorrentada Assim por essa transfiguracao da percepcao em algum momento privilegiado,como no sonho, a realidade escondida levantase de sua tumba de lugares comuns e coincide com o homem. Nesse momento paradisiaco, que se nos aparece por primera e unica vez. Un instante, e para siempre, somos de verdade (no temos verdades masacradamente impostas en nosa cabeça). Ela é nois. Arrasado pelo humor e recriado pela imaginacao, o mundo ja não se apresenta como um horizonte de ferramentas, mais sim como um campo magnetico. Tudo esta vivo. Tudo fala e faz sinaes, os objetos e as palabras se unem e se separam de acordo com certas chamadas misteriosas. Espaco e tempo voltam a ser o que forom para os primitivos: uma realidade vivente,dotada de poderes nefastos o beneficos, algo en suma concreto e cualitativo, nao uma semples extensão mensuravel. A redescuverta dessa realidade vivente e feita por via da escrita automatica, o divã do surrealismo.
A importancia do surrealismo como paradigma educacional e fundamental. A didactica como metodo debe ser surrealista como tambem seus objetivos a alcanzar: transformar a aula num campo magnetico para que o homen sentendose verdadeiro se construya e construia o mundo como uma realidade vivente. Por ahi pasa a grande revoluçao surrealista da educacion.
O surrealismo, en todas suas modalidades, tenta diferencias o prazer da existencia do prazer do texto. O primeiro tem a ver con o aprendizado de un certo refinamento para saborear a existencia,aprender a percibir os sabores da existencia, que levan forzosamente a aprender os sabor do saber, que e a sabiduria. O saber que adquirimos do vinculo requintado com a existencia,os aromas e sabores dos matices da vida. O prazer do texto tem a ver con as ilusoes que fortalezen a fantasia de que existen coisas que proven de algo que e dito desde siempre. As verdades inmaculadas pela divinidade.
Hoy podriamos, deixando por un momento de ser surrealistas intentar apresentar un diagrama de diferentes tipos o modalidades de surrealismo Esta el surrealismo que tuiene a Breton por padrino magico, (que e un surrealismo originariamente construido por una cierta clase media intelectualizada nos cafes de Paris) tenemops o surrealismo redefinido nas barricadas de maio do 68 ,tambien en Paris, e logo prolongado por los pensadores da chamada generaçao de pensadores do 68 Barthes, Guattari, Foucault, Deleuze, Derrida, Lacan, tenemos algunas corrintes mas contemporaneas que se agrupan levantando como bandera semantica la idea del neosurrealismo. Podriamos falar del surrealismo juridico, del cual eu me arrogo a paternidade. Porem ogi estoy reinvindicando una segunda paternidade que le di por nome :surealismo popular. Me refiero al surrealismo que o homen comun, aquel que esta inscripto nas comunidades mas vulneraveis, aquele que pertenece a s minorias mas discriminadas, reinvindica como necesidad de poder construir sus suenhos no obstante a desestima de que e victima.
O clamor de esos homens que ten a rua, o asfalto como realidade, e que persisten na esperanza de un sonho. Esos homens e mulheres que ten no sonho a ultima esperanza ainda no roubada. é o que eu chama de surrealismo popular. Nao tenho duvida de que por ahi va pasar el socialismo educativo del seculo XXI Eles seran o fundamente dos direitos humanos considerados como un bem juridico a ser protegido. Os direitos humanos como tipo penal debe encontrar su fonte de sentido no surrealismo popular A arte como fonte de sensibilidade a arte surrealista como fundamento da pedagogia do novo O novo en pedagogia e a aposta na sensibilidade.
Disculpeme o lector que no voy aclarar esta ultima afirmación, que es tamben a afirmación que trae o titulo de este trabalho Es una afirmación para ser sentida e no analizada racionalmente. Es un apelo a propia razao sensivel do lector. Obrigado.
*Professor, com mais de quarenta anos de docência, escritor com mais de quarenta livros publicados. Doutor em Direito pela Universidade de Buenos Aires, Argentina; Pós-Doutor pela Universidade de Brasília, Brasil. Doutor honoris causa da Universidade Federal da Paraiba. Professor convidado do mestrado de Direito da URI Santo Angelo.