Autoridades norte-americanas argumentaram que o FBI não precisa de autorização da Justiça para realizar “hacking” de sites estrangeiros “claramente criminosos”. A declaração está em um documento no processo contra o site “Silk Road”, conhecido pela comercialização de drogas pela rede anônima The Onion Router (Tor). O documento foi entregue ao tribunal no final desta segunda-feira (7).
A defesa de Ross Ulbricht, acusado de ser o responsável pelo site, apresentou uma testemunha técnica apontando falhas no método que as autoridades disseram ter sido usado para identificar o servidor do Silk Road. Como o site estava na rede “Tor”, não era possível saber onde o servidor se localizava e as autoridades precisavam dessa informação para investiga-lo.
Para a defesa, os problemas da explicação dada pelo FBI indicam que teria sido necessário realizar o “hacking” do site para obter o verdadeiro endereço IP do Silk Road. O FBI, porém, não tinha autorização da Justiça para realizar uma operação de hacking.
A acusação não argumentou a respeito das falhas técnicas apontadas pela defesa. Em vez disso, declarou que o FBI não precisaria dessa autorização para hackear o site, já que o servidor estava em solo estrangeiro, na Islândia, e que era “claramente ilegal”, segundo reportagem da revista “Wired”. O documento não admite que houve o hacking, mas diz que, caso isso tenha acontecido, não estaria fora da lei.
“Considerando-se que o servidor do Silk Road estava hospedando um site claramente criminoso, seria razoável que o FBI o ‘hackeasse’ para investiga-lo, pois qualquer ‘hacking’ seria apenas uma busca em propriedade estrangeira que conhecidamente tem evidência criminal, caso em que não é necessário um mandato judicial”, afirmou a acusação no documento.
Mesmo Ulbricht sendo um cidadão norte-americano não garante a proteção do servidor em solo estrangeiro, porque ele até o momento não admitiu que tinha um “interesse pessoal” no servidor investigado. Caso queira afirmar que deveria merecer essa proteção, ele precisa primeiro admitir que tinha ligação com o servidor – o que Ulbricht até agora não fez e que provavelmente o incriminaria caso fizesse.
Fonte: http://g1.globo.com/