Cidades inteligentes e sustentáveis

direito à cidade

A Urbanização

Escrever sobre cidades, em si, já se constitui em um grande desafio, tendo em vista a multiplicidade de objetos, agentes e ações que atuam em sua configuração e dinâmica, bem como as múltiplas escalas espaciais e temporais dos fenômenos que nelas se verificam. Escrever sobre cidades inteligentes e sustentáveis, amplia ainda mais tal desafio e sua complexidade, especialmente por envolver temas recentes, que muitas vezes implicam no resgate, discussão e renovação de conceitos existentes. Entretanto, tendo em vista o escopo do presente texto, e sendo este o primeiro dentre outros, abordaremos o assunto de forma introdutória, deixando aos demais textos da série a responsabilidade por aprofundar melhor os conteúdos ora mencionados.

De acordo com o relatório apresentado pelo Departamento de Assuntos Econômicos e Sociais das Nações Unidas em 2014, 54% da população mundial atual vivem em cidades. Este número, em 1950, era de 30% e, segundo projeções, chegará a 66% em 2050. Contudo, com base no mesmo relatório, é possível verificar que a transição urbana não se processou de maneira homogênea entre os diversos países do globo.

Tomando como exemplo o caso brasileiro, em 1950, do total de 54 milhões de habitantes, 36% ocupavam as cidades. Em 2014, a população urbana do país atingiu 85% do total de 202 milhões de habitantes. Estes dados permitem observar a forma intensa e acelerada que caracterizou a urbanização brasileira, bem como afirmar que o espaço urbano tem se tornado o principal meio de vida do Homem.

Tal processo, no entanto, não foi acompanhado no mesmo ritmo pelo planejamento, quando existente, resultando em impactos negativos nas esferas sociais, ambientais e econômicas.

favela

Os problemas

Na esfera social, dentre os problemas existentes, destaca-se a segregação socioespacial. As cidades podem ser interpretadas como produto social e histórico, refletindo, em sua configuração, as relações de produção da sociedade que as criou. Assim, as diferenças de classes inerentes ao modo de produção capitalista se materializam em desigualdades espaciais no interior das cidades, as quais muitas vezes implicam em formas e processos de segregação socioespacial, a exemplo da favelização em países em desenvolvimento.

Poluição

Com relação ao ambiente, as mudanças no uso e ocupação impactaram os ecossistemas imediatos, tendo em vista a supressão da maior parte da cobertura vegetal natural, com consequentes modificações no clima, em especial das variáveis precipitação pluviométrica e temperatura. As transformações impostas ao meio também modificaram as condições hidrológicas das bacias hidrográficas, pela impermeabilização das superfícies, com consequente diminuição da recarga das águas subterrâneas e incrementos nos volumes de escoamento superficial, gerando inundações constantes.

Estes fenômenos, quando associados à segregação mencionada, têm causado riscos e perdas de vidas humanas, especialmente da população de baixa renda das cidades. Além disso, as altas taxas de poluição atribuídas, sobretudo às atividades industriais e ao uso de veículos automotores têm provocado o aumento, segundo relatórios do IPCC-ONU, da concentração de gases do efeito estufa na atmosfera, contribuindo para o aquecimento global e afetando tanto a qualidade de vida nas áreas urbanas como também em seu entorno.

Na esfera econômica, os impactos da urbanização acelerada implicam, dentre outros, nos gastos elevados com saúde pública, devidos aos problemas de poluição; com combate às enchentes e inundações, que, segundo estudos recentes, acarretam prejuízos financeiros da ordem de centenas de milhões de dólares ao poder público, à indústria e ao comércio; com circulação de materiais e pessoas, tendo em vista as deficiências do transporte urbano e os congestionamentos, os quais afetam o crescimento econômico das cidades.

 

Cidades inteligentes e sustentáveis

Diante destas realidades, a discussão no âmbito nacional e internacional sobre o desenvolvimento sustentável tem sido cada vez mais intensa, implicando na criação do termo cidades sustentáveis. Além disso, tendo em vista o desenvolvimento e difusão crescentes das novas tecnologias da informação e comunicação, surge um novo conceito na década de 80, a saber, o de cidades inteligentes. O novo paradigma da internet, a chamada internet das coisas, tende a reforçar a importância de tal conceito.

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Essas preocupações, relativamente recentes na história das cidades, têm exigido a renovação de ferramentas conceituais de análise e interpretação, para fins de entendimento do conjunto de objetos e de ações pertencentes ao espaço urbano atual. Análises e proposições de ações baseadas exclusivamente em arcabouços teóricos ligados a uma realidade passada correm o risco de se perderem no entendimento do presente, ou de apontarem relações causais equivocadas, que podem contribuir para com o agravamento dos problemas existentes, ao invés de permitirem a proposição de soluções efetivas para os mesmos.

Neste sentido, o Programa de Mestrado em Cidades Inteligentes e Sustentáveis da Universidade Nove de Julho – UNINOVE tem buscado estudar as cidades, com vias a propor soluções para seus problemas, especialmente nas questões vinculadas à Mobilidade Urbana, à Eficiência Energética e às Construções Sustentáveis, temas estes que serão abordados nas próximas publicações. A UNINOVE também conta com o Programa de Mestrado Profissional em Gestão Ambiental e Sustentabilidade, que também tem contribuído nesta direção, concentrando-se nas linhas Gestão da Sustentabilidade e Gerenciamento Ambiental.

 

  • Cristiano Capellani Quaresma é Doutor em Geografia pelo IG/UNICAMP.  Atualmente, é professor do Programa de Mestrado Acadêmico em Cidades Inteligentes e Sustentáveis da Universidade Nove de Julho – UNINOVE.
  • Claudia Terezinha Kniess é Doutora em Ciência e Engenharia de Materiais pela UFSC e Universidade de Aveiro. Atualmente, é diretora e professora do Programa de Mestrado Acadêmico em Cidades Inteligentes e Sustentáveis e professora do Programa de Mestrado Profissional em Gestão Ambiental e Sustentabilidade da Universidade Nove de Julho – UNINOVE.
  • Maurício Lamano Ferreira é Doutor em Ecologia pelo CENA/USP. Atualmente, é professor do Programa de Mestrado Acadêmico em Cidades Inteligentes e Sustentáveis da Universidade Nove de Julho – UNINOVE.

 

 

Wilson LevyWilson Levy é Articulista do Estado de Direito – Doutorando em Direito pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo. Mestre em Direito pela Universidade de São Paulo. Graduate Student Fellow do Lincoln Institute of Land Policy. Professor assistente na PUC-SP e colaborador do programa de pós-graduação em Direito da UNINOVE. E-mail: wilsonlevy@gmail.com.

 

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