Aula XIII – Vincent Van Gogh: uma vida trágica, mas colorida e imortalizada pela arte!

Por Aloizio Pedersen, artista plástico, idealizador e coordenador do Projeto Artinclusão.

        A décima terceira oficina do Artinclusão no AR7 foi contemplada com a vida e obra deste enorme expoente da arte mundial. Mesmo tendo uma vida de sofrimento desde a infância, o que o identificaria com as crianças e adolescentes deste abrigo emergencial e de passagem, já que ali estão por lacunas no atendimento físico e/ou emocional de seus responsáveis, mas nem tudo da vida deste artista pode ser contado neste ambiente. O foco foi dado na sua sensibilidade e na paixão pela natureza, que o auxiliaram a suportar suas angústias e solidão, com ênfase em sua temática de girassóis, que estavam composto em um modelo com esta flor natural, para iniciar alguns princípios de desenhar a partir do natural, como fazia Van Gogh, e prenunciando nossa primavera.

 

 

 

 

 

 

 

 

  

 

 

        Nasceu na Holanda, primogênito de um casal pobre, que vai ter mais cinco filhos. Seu pai é um austero pastor, com quem vai ter sérios desentendimentos. Nasce justamente no mesmo dia, só que um ano depois de seu primeiro irmão, falecido logo após ter nascido, e vai receber seu mesmo nome e suportar ver sempre uma cadeira vazia na mesa, representando o morto. Além de olhar para a sepultura, cada vez que entrava na igreja de seu pai, com seu nome na lápide. Certa vez verbalizou que era uma outra parte sua que estava ali, no que chamou de “o outro hemisfério da vida”. Um suplício que certamente o acompanhou nos seus trágicos 37 anos, contribuindo para sua decisão final: um tiro no peito, em pleno campo de trigos. Conto isto aqui para enfatizar a importância do acolhimento e justo encaminhamento dessas crianças e adolescentes por este abrigo, como prevenção do suicídio, no mínimo. Com quinze anos abandona os estudos para trabalhar, inaugurando uma vida de fracassos profissionais, por sua fragilidade emocional. Por ter muito sofrido, entendia a dor do outro e a tomava para si, entrando em períodos de angústia e depressão. Talvez um dos motivos de trocar tanto de cidade. Foi assim nas suas relações interpessoais, até cortar uma orelha ao se separar do amigo e também artista Paul Gaugin. Sempre sem vender suas obras, era mantido por seu irmão Theo, que o encorajava com sua presença ou cartas. O importante é que é um autodidata! Que se esforçou em aprender sozinho e ir em busca dos maiores pintores de sua época para vê-los pintar a aprender com eles, embora seu estilo seja inigualável. Nos últimos dez anos de sua vida entregou-se a pintura, entre internamentos voluntários em clínicas para “loucos”. Presenteou um de seus médicos com um retrato do mesmo e este o usou para tapar um furo de seu galinheiro. Em vida vendeu uma única obra, mas logo depois de sua morte, deram-se conta que se tratava de um gênio e suas pinturas passaram a figurar entre as mais caras do mundo, reunindo um acervo de mais de 2.000 obras, entre estas, mais de 800 óleos sobre tela.

        Meu público alvo ouviu atento e se entusiasmaram em pintar suas releituras. Um dos adolescentes, de 13 anos, o achou um verdadeiro herói e atualizou um de seus autorretratos com a máscara do Batman, uma menina de 9 anos, mesmo olhando um de seus vasos de girassóis, assemelhou seu trabalho a figura de um barco, na mesa/água (inconsciente), num fundo amarelo esverdeado (para Kandinsky é retardação, tipo patinar no mesmo lugar), mas um meio de transporte que certamente lhe conduzirá a um futuro bem mais promissor. Outro menino, de 10 anos, desenha o contorno das flores com tinta preta (para Kandinsky significa medo), sem querer lhe perguntei se não iria as preencher com cor, e ele respondeu: “Não! Elas são assim mesmo!” E deveriam ser mesmo. Me dei conta que estava diante de um menino Van Gogh. Agora é torcer para que tenha um outro fim. Vou aceitar a sugestão me dada pelo inconsciente do de 13 anos e investir nos super heróis, na próxima oficina, onde cada um deve inventar o seu, com um super poder. Talvez isto auxilie a fortalecer o menino Van Gogh a enfrentar seus dilemas e a menina de 10 anos a conduzir bem seu barco.

        Artinclusão no AR7 acontece por ter sido um projeto premiado pelo Prêmio Fumproarte, que patrocina 32 oficinas neste abrigo.

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