As eleições municipais e o desgaste das esquerdas

Coluna Pensando Poeticamente Direito e Política

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Foto: Agência Brasil

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Avanço e retrocesso

O resultado das eleições municipais apontou, para quem não for axiologicamente cego — sendo necessário admitir-se que tal moléstia existe, infelizmente, mesmo entre os não apedeutas —, significativo avanço da direita, de um lado, e enorme retrocesso das “esquerdas”, de outro.

Coloco essa palavra entre aspas, pois não me parece que, os que se dizem de “esquerda”, no Brasil, sejam efetivamente de esquerda, já que, a despeito da célebre passagem de Sartre, para quem as palavras “direita” e “esquerda” nada mais seriam do que “duas caixas vazias”, tenho para mim que existem alguns critérios distintivos mais ou menos aceitáveis para a sobrevivência dessa velha dicotomia, conforme pode ser constatado, exemplificativamente, seja pela decisiva contribuição de Norberto Bobbio a respeito da matéria (Destra e sinistra: ragioni e significati di una distinzione politica), seja pelos cinco critérios, tão pertinentemente propostos por Revelli: no tempo (progresso-conservação); no espaço (igualdade-desigualdade); nos sujeitos (autodireção-heterodireção); na função (classes inferiores-classes superiores); e, ainda, no modelo de conhecimento (racionalismo-irracionalismo).

Esquerda de fancaria

Partidos políticos e entidades como PT, PSOL, Rede Sustentabilidade, PC do B, Frente Povo Sem Medo, Frente Brasil Popular, MTST, CUT, MST e quejandos, embora se autodenominem de esquerda, nenhum deles, para mim, poderia ser considerado ontologicamente de esquerda…

Se fossem mesmo de esquerda, tal como eu a concebo, penso que não teriam tão acendrado amor por morar perto da praia, por frequentar restaurantes de alto luxo, por beber vinhos importados, (preferencialmente os de Bordeaux e os de Bourgogne, é claro…), por fazer compras em Nova York e, comme il faut, ser proprietário de um lindo apartamento em Paris…

Mas vamos fazer de conta que existe plena sinceridade nessa esquerda de fancaria existente no Brasil de hoje.

Afinal de contas, todos sabem do recorrente uso da chamada “Razão Cínica”, de que nos fala o filósofo esloveno Slavoj Zizec, relativamente ao que se passava no Leste Europeu, quando todos sabiam que o comunismo havia se exaurido, mas era preciso fingir que ele estava dando certo para que não fosse sepultado de vez…

O que resta das “esquerdas”, após o acachapante resultado das nossas recentes eleições municipais, é o que cabe, então, perguntar…

Leandro Colon, diretor da sucursal de Brasília do jornal “Folha de São Paulo,  em sua análise intitulada “Direita claramente venceu, e não foi por pouco”, publicada na p. A14 da edição de 31/10/16, escreveu: “O fortalecimento da direita automaticamente representa um enfraquecimento da esquerda, sobretudo do PT”, acrescentando que “o partido dos ex-presidentes Lula e Dilma Rousseff havia saído do primeiro turno como o principal derrotado em 2016 ao eleger menos da metade do número de prefeituras conquistadas quatro anos atrás.

Também Natuza Nery, editora do Painel do citado jornal, referiu-se ao PT como um partido que está “respirando por aparelhos”, tal a incrível contundência de sua derrota (“Esquerda tem pouco tempo para buscar união”, 31/10, p. A16).

Desgaste cada vez mais escancarado

A penetrante análise feita pela articulista demonstra que o desgaste das esquerdas brasileiras salta cada vez mais aos olhos… A melancólica aposta que lhes resta fazer é verdadeiramente macabra, para dizer o mínimo: terão de conspirar abertamente contra o Brasil, trabalhando com unhas e dentes para eventual malogro do governo de Michel Temer, homem inteligente, culto e experiente, que sabe muito bem lidar com bandidos, pois foi Secretário de Segurança Pública do Estado de São Paulo por duas vezes…

Foto: José Cruz/Agência Brasil

Foto: José Cruz/Agência Brasil

Mesmo tendo de investir em reformas amargas, percebe-se que o “fora Temer”, engendrado pelo lulopetismo perdeu… E perdeu feio… De nada adiantaram os gritinhos histéricos da tropa de choque da ex-presidente no Senado… Eles só serviram para estimular, de maneira deveras surpreendente, aquilo que ora chamam de antipetismo… Antipetismo que, em sua essência, nada mais é do que uma espécie de sagrado horror pela corrupção instalada pelos petistas de forma despudorada e vil… E vil, “no sentido mesquinho e infame da vileza”, como haveria de dizer o grande Fernando Pessoa…

Alto grau de amadurecimento

A população brasileira que elegeu João Doria no primeiro turno, sacando fora Fernando Haddad; que elegeu Marcelo Crivella (???), no segundo turno, impondo a Freixo,  candidato do PSOL, uma das derrotas mais humilhantes dos adversários de Temer; que impôs contundentes derrotas ao PT em quase todas as capitais brasileiras, com exceção de Rio Branco; que trocou o chamado “cinturão vermelho” do ABC paulista por um “cinturão azul”, essa população, enfim, que mostrou altíssimo grau de amadurecimento, não se deixando levar por discursos populistas, tingidos de falso escarlate, só para ilaquear a boa-fé dos verdadeiros trabalhadores brasileiros, passará a usar o “Desforra Temer”, para estancar a sangria do dinheiro público, infelizmente jorrado para satisfazer o apetite pantagruélico, seja de “artistas” irresponsáveis; seja de parasitas apedeutas; seja da pior corja de políticos canalhas…

O Brasil deseja o fim do estado de acrasia ética, implantado de forma cavilosa pelo adeptos do lulopetismo. Ninguém suporta mais a corrupção sistêmica e escandalosa implantada pelos políticos petistas que tomaram de assalto o Estado brasileiro…

Avante Lava Jato! Avante Moro! Avante Brasil!… Desforra Temer!…

 

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Newton De Lucca é  Articulista do Estado de Direito – Mestre, Doutor, Livre-Docente, Adjunto e Titular pela Faculdade de Direito da Universidade de São Paulo, onde leciona nos cursos e graduação e pós-graduação; Desembargador Federal do TRF da 3a. Região – presidente no biênio 2012/2014; Membro da Academia Paulista de Magistrados. Membro da Academia Paulista de Direito. Presidente da Comissão de Proteção ao Consumidor no âmbito do comércio eletrônico do Ministério da Justiça. Vice-Presidente do Instituto Latino-americano de Derecho Privado.

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