De onde partem os olhares?

Coluna A Advocacia Popular e as Lutas Sociais

Se você deseja se tornar um colunista do site Estado de Direito, entre em contato através do e-mail contato@estadodedireito.com.br
Foto: Ricardo André Frantz/Wikipedia

Foto: Ricardo André Frantz/Wikipedia

O porquê de alguns posicionamentos

Saber de onde partem certos olhares, certas visões de mundo, de que realidades vieram, ajuda-nos a entender o porquê de alguns posicionamentos. No último dia 17 de outubro, na Câmara Municipal de Porto Alegre-RS, ocorreram dois eventos bem simbólicos disto: a exposição “Minha Ilha Fotografo Eu” e a reunião de apresentação de Estudo de Viabilidade Urbanística (EVU) do projeto do Cais Mauá.

A exposição fotográfica

A exposição fotográfica de moradores da Ilha Grande dos Marinheiros foi fruto de um projeto coordenado pelo Centro de Direitos Econômicos e Sociais (CDES). O ensaio fotográfico resultou em livro, que foi lançado na mesma oportunidade. As imagens mostram o olhar das pessoas da comunidade sobre suas casas, sua comunidade, sobre o Guaíba.  Essas pessoas estão ameaçadas pela nova Ponte do Guaíba, obra que se reveste de interesse público. Todavia, as fotos mostram um pouco do que, geralmente, não é considerado nestes processos de remoção, como o quintal das pessoas, o seu modo de vida, dentre outras questões.

A reunião de apresentação de estudo

Foto: Tumpatumcla~commonswiki/Wikipedia

Foto: Tumpatumcla~commonswiki/Wikipedia

Em relação ao EVU do Cais Mauá, este recebeu diversos questionamentos de representantes de inúmeros setores e organizações da Cidade, durante supramencionada reunião. A apresentação feita na Câmara não esclareceu diversos pontos sobre impactos (ambientais, culturais, tráfego), nem informações sobre custos.  O receio posto foi de tratar mais de um projeto de investimento para determinados setores do que, realmente, para o bem de todos, levando em conta o patrimônio histórico do entorno. Como bem colocado por alguns presentes, seria importante uma consulta pública sobre o projeto.

Eventos bem simbólicos

Ponte do Guaíba X Moradores das Ilhas, Projeto Cais Mauá x Porto Alegre…muitas vezes se cria uma dicotomia para se negar direitos, se negar acessos, se invisibilizar determinadas questões. Obras impostas terminam por trazer diversas violações. A sociedade brasileira, pautada na desigualdade e concentração (e especulação) de terra e renda, teima por projetos e obras excludentes. O interesse público de certas obras não legitimam violações em nome delas.

Mas este é o país que resolve problemas, crises, dando mais a quem já tem. Basta ver a famigerada PEC 241 que, pretensamente diz resolver o problema dos gastos públicos, enviando mais recursos para uma dívida nunca auditada e parando, por 20 anos, de investir em sua própria população. Parece que quem viu o traçado da ponte, não viu o conjunto das comunidades impactadas. Quem viu a remoção das famílias, não conheceu como elas levam suas vidas. Quem visualizou o projeto do Cais Mauá dá a entender que não considera os diversos problemas e anseios dos porto-alegrenses. Quem pensou na PEC 241 parece ver mais os interesses do setor financeiro do que da maior parte da população brasileira.

 

Rodrigo de MedeirosRodrigo de Medeiros Silva é Articulista do Estado de Direito – formado em Direito pela Universidade de Fortaleza, especialista em Direito Civil e Processual civil, no Instituto de Desenvolvimento Cultural (Porto Alegre-RS). Foi assessor parlamentar na Câmara dos Deputados e na Câmara Municipal de Fortaleza. Foi advogado do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra, de Sindicatos de Servidores Públicos Municipais e de Trabalhadores Rurais. Atuou na área do Direito da Criança e do Adolescente na Pastoral do Menor e no Centro de Defesa da Criança e do Adolescente do Ceará. Prestou serviço Association pour le Développemente Economic Regional- ADER, junto às comunidades indígenas cearenses Jenipapo-Kanindé, Pitagury, Tapeba e Tremembé. Participou do Fórum em Defesa da Zona Costeira do Ceará-FDZCC na defesa de comunidades de pescadores. Contribuiu com o Plano Diretor Participativo do Município de Fortaleza pela OAB-CE.  Também prestou consultoria à Themis-Gênero e Justiça, em Porto Alegre-RS. Integra a Comissão Nacional de Acesso à Justiça do Conselho Federal da OAB e o Conselho Consultivo da Ouvidoria da Defensoria Pública do Estado do Rio Grande do Sul. É membro da Rede Nacional dos Advogados e Advogadas Populares-RENAP, Fórum Justiça-FJ e Articulação Justiça e Direitos Humanos-JUSDH.
Picture of Ondaweb Criação de sites

Ondaweb Criação de sites

Lorem ipsum dolor sit amet, consectetur adipiscing elit, sed do eiusmod tempor incididunt ut labore et dolore magna aliqua. Ut enim ad minim veniam, quis nostrud exercitation ullamco laboris nisi ut aliquip ex ea commodo consequat. Duis aute irure dolor in reprehenderit in voluptate velit esse cillum dolore eu fugiat nulla pariatur. Excepteur sint occaecat cupidatat non proident, sunt in culpa qui officia deserunt mollit anim id est laborum.

Notícias + lidas

Cadastra-se para
receber nossa newsletter