Em conversa virtual, alunos falam sobre a cor da pele e roupa da vítima.
Denúncia foi realizada nesta segunda-feira (8), em Londrina, no Paraná.
Uma estudante do quarto ano de direito de uma faculdade particular de Londrina, no norte do Paraná, denunciou os colegas de sala à polícia por injúria racial nesta segunda-feira (8). Celiana Lúcia da Silva, de 48 anos, é negra e afirma que os colegas a ofenderam por meio de um grupo do Whats App. Nas mensagens, os alunos falaram sobre a cor da pele e as roupas que a vítima usava em sala de aula. Com a cópia das transcrições das mensagens, que foram enviadas por celular, a Polícia Militar (PM) esteve na instituição durante esta manhã e anotou os nomes dos alunos envolvidos. A Polícia Civil vai investigar o caso. A faculade informou o mesmo. Disse que vai apurar o caso e tomará as providências necessárias.
“Eu não quero que isso fique impune. Nós estamos no quarto ano da faculdade de direito. Eles [supostos agressores] conhecem a lei e sabem que esse tipo de chacota é uma humilhação. Sofrer bullying ou preconceito em sala de aula é horrível”, lamenta a universitária.
As trocas de mensagens aconteceram no dia 2 de agosto. Segundo Celiana Lúcia da Silva, que também é professora de matemática da rede pública de ensino e possui outras três graduações, os aparelhos guardam imagens e diálogos considerados ofensivos. Celiana soube dos comentários por uma colega que fazia parte desse grupo.
“Na foto, escureceram a pele e fizeram comentários com conotação racial, com relação a minha cor. Além disso, falaram da minha roupa, que nem em favela se veste dessa maneira”, diz a estudante de direito.
Em uma das mensagens, alguns colegas de turma comentam uma foto tirada dentro da sala de aula. “É o pé da Celiana”, diz um deles. Outro pergunta: “Com meia ou sem meia?”, se referindo à cor da pele da vítima. Outros alunos participam da conversa “eu achava que ela estava com meia preta”, “minha tia achou que ela estivesse de meia”.
Para Celiana, as mensagens a abalaram. “Psicologicamente eu estou abalada. Eu quero entrar na sala de aula e ver que esse grupo não tomou nenhum tipo de atitude”, pontua Celiana Silva.
Uma pessoa integrante do grupo de conversa chega a defender Celiana. “Talvez devêssemos pedir permissão antes de publicar algo em um grupo como esse… Acho que devemos, no mínimo, pensar e lembrar que não importa a cor do sapato ou da pele, mas sim a compaixão pelo próximo”, diz na mensagem. No entanto, os mesmos alunos não se importam com a mensagem e continuam a conversa “Como é que é?”, “Pedir permissão?”, “A gente só fala o que vê”, e, por fim, um integrante diz que “é só uma brincadeira”.
A Polícia Civil deve chamar todos os alunos envolvidos para depor. O crime de injúria racial é caracterizado pelo uso de elementos que façam referência à raça, cor, etnia, religião ou origem. A pena pode variar de um a três anos de prisão.
Fonte: http://g1.globo.com/