Claus Clüver “Estudos Interartes conceitos, termos e objetivos”: um paralelo com a Pandemia de COVID-19 que nos afeta

Claus Clüver “Estudos Interartes Conceitos, termos e objetivos”: um paralelo com a Pandemia de COVID-19 que nos afeta.

 

Por Carmela Grüne, editora do Jornal Estado de Direito,
Doutoranda em Estudos Globais pela Universidade Aberta do Lisboa, Mestre em Direito pela UNISC, advogada e jornalista.

 

Resolvi compartilhar com os leitores do jornal Estdo de Direito uma análise que fiz do artigo de Claus Clüver, disponível em http://www.revistas.usp.br/ls/article/view/13267/15085, o qual faço um paralelo ao que sucedeu pós-Segunda Guerra Mundial, com a publicação de obras extremamente importantes para a literatura, com a situação a qual nos encontramos de isolamento decorrente da Pandemia de COVID-19, impactando em grandes transformações da humanidade.

Vivemos uma reinvenção de hábitos de leitura, os quais estão relacionados, conforme destaca Clüver, à formação de cada indivíduo, ou seja, à cultura, à história que experienciamos, tudo isso refletindo no sentido dado aos textos. O impacto do enclausuramento está fomentando novos hábitos de leitura, didática e de significação da educação e da relevância das interartes para compreender quais valores humanos devem preponderar nessa nova fase mundial. Aqui presenciada individualmente e compartilhada com colegas e professores, pelo ensino à distância, com o Doutorado em Estudos Globais, na Universidade Aberta, mas colocando a nós, membros de uma comunidade, sejamos, mães, pais, filhos e filhas, enfim, o desafio da educação de uma nova geração com significado e valores compartilhados, em que condições mínimas devem ser estabelecidas como novos parâmetros de vida no planeta.

Dentro das novas rotinas estabelecidas, nesse momento, em um pequeno espaço, onde a imaginação toma conta de todos nós, pelo futuro que nos reserva, a transmutação na perspectiva apontada pelo autor Clüver, como a interpretação de signos verbais por meio de signos de sistemas sígnicos não-verbais, ou seja, signos sonoros ou visuais, encontram total relação com mecanismos de sensibilização dos saberes pela utilização de tecnologias disponíveis para enfrentar o isolamento e ampliar ou atingir as pessoas por diferentes meios. Se estamos sós, fisicamente, como podemos estar próximos daqueles que gostaríamos de estar perto? O que podemos fazer para sensibilizar que a vida é mais relevante do que o futuro da economia?

Nessas condições, como fazer com que a transculturação possa contribuir para que práticas bem sucedidas em outros países possam ser replicadas ao cenário local, levando em conta realidades, culturas diferentes para o nosso contexto?

Seria então pela adaptação a forma adequada a colocar-nos dentro de um contexto regional, algo vivenciado em todo o planeta? O artigo Clüver aborda essa técnica usada nas conversões de novelas em peças teatrais, peças em óperas, contos de fada em balés e contos em filmes ou especiais de televisão, assim, deveríamos urgentemente criar adaptações para sensibilizar uma consciência mundial para a mudança de comportamentos através desses mecanismos?

Há quinze anos atuando na sensibilização dos saberes, como editora do Jornal Estado de Direito, www.estadodedireito.com.br, percebo pelo texto de Clüver como já colocava em prática a preocupação da transdisciplinaridade do conhecimento para atingir o leitor/receptor, isto é, como utilizar formas para afetar mais profundamente a consciência do leitor com a utilização das interartes.

Certa vez, em um dos livros que tenho de Walter Benjamin li a frase “um acontecimento vivido é finito, ou pelo menos encerrado na esfera do vivido, ao passo que um acontecimento lembrado é sem limites, porque é apenas a chave para tudo que veio antes e depois”[1] após a leitura dessa frase tive a sensação da importância e do meu dever em oportunizar às pessoas a viverem experiências de leitura capazes de transformar o momento em algo marcante. No entanto, consciente da dificuldade do estímulo utilizei técnicas referidas por Clüver, como escolha da forma das letras, para contribuir na interpretação e observação, utilização de imagens as quais gerassem por sí um ponto de reflexão ou de direcionamento para o interesse na leitura, Mais recentemente, a partir do aplicativo Instagram, perfil @afetos_carmela, criei a live Conversas com Afetos, a qual tem me demandado um tempo valioso, mas necessário diante do quadro atual de produção de fake news e de tantas notícias trágicas. Nessa experiência convido escritores, artistas, ativistas para abordar formas de protagonismos inspiradores necessários a transformação humana. Em uma dessas Conversas com Afetos, apresentei a escritora e poeta carioca Betina Kopp[2], que dialogou sobre os desafios da maternidade na atual conjuntura, a utilização do tempo para a criação de poesias e poemas, como importantes manifestações e expressões do imaginário que precisam de vazão nesse momento histórico.

Acredito que nessa nova etapa de estudos, tenhamos que projetar cada dia mais intensamente os ensinamentos propostos por autores como Clüver dentro dessa dinâmica de vida que é totalmente nova e propõe desafios comportamentais que necessitam ser repensados diariamente.

Assim, muito me interessa os estudos interartes por me ver praticando há alguns anos, a relação necessária da transdisciplinaridade dos saberes e a dinâmica de inter-relações. Haja vista que necessitamos construir um significado do momento atual, nesse novo tempo e espaço da sociedade contemporânea numa nova ordem mundial.

Concluo essa reflexão com uma experiência que fiz em 2013, em Porto Alegre, a qual reuni artistas, neurocientistas, professores e pesquisadores, para realizar o Ciclo de Estudos Neurociências, Direito e Arte, destaco a música Bicho Homem (atualmente denominada Tempo de Reconciliar), de Pablo Seea, Amani Kush, da Banda GrooVi, que inicia o vídeo e traz uma mensagem bem atual sobre a situação do planeta:

[1] BENJAMIN, WALTER. Magia e técnica, arte e política: ensaios sobre literatura e história da cultura. Obras escolhidas, Volume 1, pag. 15, 7ª ed. Editora Brasiliense, 1994.

[2] KOPP, Betina. Mulher Cavala. Disponível em https://www.youtube.com/watch?v=2PNUXcBrcDs, acessado em 04/04/2020.

Obra estudada:
CLÜVER, C. (1997). Estudos Interartes, Conceitos, Termos, Objetivos. Literatura e sociedade, 2, 37–55. Obtido de http://www.revistas.usp.br/ls/article/view/13267/15087

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